6.7 - Roma Antiga
Os romanos, juntamente com os gregos, formaram uma das maiores civilizações da antiguidade e tiveram grande influência sobre o mundo ocidental contemporâneo. Inicialmente, Roma era uma aldeia localizada no centro da Península Itálica. Por volta do século V. a. C., os romanos iniciaram o processo de conquista de toda a península e, a partir daí, a construção de um gigantesco império que tinha no centro a cidade de Roma. Estudaremos a seguir como os romanos se organizaram politicamente, como construíram e fizeram para administrar o imenso território conquistado, como entraram em decadência e o que nos deixaram de herança cultural.
A ocupação da Península Itálica e a origem de Roma
Roma surgiu como aldeia no centro da Península Itálica, localizada no sul da Europa e que se estende pela parte central do Mar Mediterrâneo. Na antiguidade essa península estava divida em várias regiões e foi habitada por diferentes povos que fundaram inúmeros povoados. Entre esses povos, os mais destacados foram os italiotas, os etruscos e os gregos.
Italiotas: de modo geral os antepassados dos romanos eram agricultores que habitavam a Europa central, eram conhecidos comoitaliotas e estavam organizados em diferentes povos (latinos, sabinos, ilírios, volscos, samnitas, úmbrios, équos etc.). Por volta do ano 2000 a.C, esses povos emigraram para a Península Itálica, ocupando a parte central. Segundo historiadores, os latinos fundaram nessa região várias aldeias, entre elas Roma.
Etruscos: originários da Ásia menor, os etruscos chegaram à Península Itálica por volta de 800 a.C. Inicialmente os etruscos ocuparam a região central da península e depois expandiram seus domínios até regiões do norte. As cidades fundadas pelos etruscos eram bem organizadas, contavam com sistema de esgotos, aquedutos, templos e ruas pavimentadas. Em torno de 550 a.C., ocuparam Roma e exerceram grande influência cultural sobre os latinos. Acredita-se que foram os etruscos que ensinaram os latinos, por exemplo, a arte de construir canais, drenar pântanos e irrigar terras. A organização social dos etruscos começou a desaparecer quanto os patrícios[1] se revoltaram contra os reis etruscos por volta de 509 a.C.
Gregos: os gregos, durante seu movimento de expansão colonial, ocuparam a parte sul da Península Itálica onde fundaram importantes cidades (Nápoles, Siracusa, Tarento etc.). Em seu conjunto essas cidades formavam a chamada Magna Grécia.
A ORIGEM DE ROMA:
Segundo historiadores, Roma surgiu da união de diversas aldeias fundadas pelos latinos nas margens do rio Tibre. Mais tarde, os etruscos conquistaram a região e Roma consolidou-se como cidade e passou a expandir seus domínios, primeiramente pela Península Itálica e depois pelas terras em torno do mar Mediterrâneo, chegando até o Oriente Médio. Além dessa versão para o surgimento de Roma, devemos considerar a antiga lenda que explica a origem da cidade.
A lenda da origem de Roma
Segundo a lenda, Roma teria sido fundada pelos irmãos gêmeos, chamados Remo e Rômulo. Eles eram netos de do rei de Alba Longa, Numitor, que havia sido destronado por seus inimigos. Ainda bebês, os dois foram colocados dentro de um cesto e abandonados no rio Tibre. Levados pela correnteza os dois teriam sido encontrados e acolhidos por uma loba, que os amamentou. Depois, de acordo com a lenda, os dois irmãos receberam os cuidados e foram educados por um pastor de nome Faustolo. Quando adultos, Remo e Rômulo reconquistaram o trono para seu avô e por isso receberam como recompensa a permissão de fundar uma cidade na colina onde a loba teria os encontrado. A cidade fundada foi Roma. Porém, os dois irmãos passaram a disputar o poder de reinar sobre a cidade. Essa disputa teve um final trágico: Rômulo matou Remo tornando-se rei da cidade, fundada em 753 a.C e que, para homenagear Remo, foi batizada de Roma.
MONARQUIA (753 – 509 a.C):
Inicialmente os romanos estavam organizados politicamente em um sistema de Monarquia. Durante esse período, que foi de 753 a 509 a.C, Roma ainda era uma pequena cidade se comparada a outras cidades da época. A organização social e política, a economia e os hábitos da população eram influenciados por etruscos e gregos, povos que já viviam na península itálica antes da fundação da cidade.
A organização social: os principais grupos sociais que viviam na Roma Antiga eram os patrícios e os plebeus. Além desses haviam os clientes e os escravos, grupos que não desempenhavam grande importância na sociedade. Como veremos adiante, a disputa entre patrícios e plebeus vai ter grande significado para o desenvolvimento político e social dos romanos.
PATRÍCIOS: Eram os grandes proprietários de terra, de rebanhos e de escravos. Na Roma Antiga, os patrícios eram os únicos cidadãos e por isso os únicos que possuíam direitos políticos. Por esse privilégio, comandavam os exércitos, a justiça, a administração e as celebrações religiosas.
CLIENTES: Não formavam exatamente um grupo social distinto, mas sim, viviam em uma condição social. Os chamados clientes eram pessoas livres que se associavam aos patrícios, prestando-lhes serviços e apoiando-os na dominação exercida sobre os plebeus. Em troca recebiam ajuda financeira e proteção política.
PLEBEUS: A maior parte da população era composta por plebeus, pessoas livres que se dedicavam as atividades comerciais, ao artesanato e principalmente a agricultura. Apesar de formarem o exército e de pagarem elevados tributos ao governo, os plebeus durante todo o período monárquico não eram considerados cidadãos. Não exerciam nenhum direito político, não podiam exercer os cargos públicos e ainda sofriam com os abusos cometidos pelos patrícios.
ESCRAVOS: Na monarquia dos romanos, escravos eram aqueles que não conseguiam pagar as suas dívidas. Mais tarde, principalmente durante a expansão militar e territorial promovida pelos romanos durante a República e o Império, os prisioneiros de guerra passaram a ser escravizados. Os escravos eram considerados propriedades de seu senhor.
A organização política:
Durante o período monárquico Roma era governada por umrei [2], que exercia funções de chefia militar, religiosa e judicial, pelo Senado [3] e pela Assembleia Curial. Acredita-se que nos primeiros tempos Roma tenha sido governada por sete reis etruscos, porém, apenas a existência dos três últimos pode ser comprovada – Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e Tarquínio (o Soberbo). Durante a Monarquia os romanos passaram por um grande desenvolvimento no artesanato e no comércio e a cidade adquiriu características mais urbanas. Pântanos foram drenados, foram construídos canais de esgoto aquedutos, templos e foi aberta uma praça no centro da cidade, chamada pelos romanos de fórum, onde a população se reunia para discutir assuntos públicos e comprar e vender produtos. Evidentemente, quanto mais as atividades econômicas se desenvolviam, mais complicada ia ficando a sociedade romana.
O Senado era composto exclusivamente por patrícios, representantes das famílias mais ricas e proprietárias das melhores terras. Além de ter a função de fiscalizar as ações do rei, era compromisso dos senadores elaborar e propor as leis romanas. Já a Assembleia Curial era formada por soldados em condições de servir o exército. As funções dos membros da assembleia era eleger os altos funcionários públicos e aprovar ou rejeitar as leis propostas pelo Senado. Assim como o Senado, a Assembleia Curial composta exclusivamente por patrícios, porém, só se reunia quando convocada pelo rei, não sendo, portanto, espaço para livres debates.
O fim da Monarquia e a passagem para a República
Embora tivessem amplos privilégios na monarquia romana e fossem visíveis as melhorias e as transformações em Roma, os patrícios não aceitavam mais o reinado vitalício e passaram a questionar a autoridade do rei. Os patrícios, que já controlavam o senado, queriam controlar diretamente o poder político e para isso passaram a conspirar contra a existência do rei. Assim, em 509 a.C, destituíram o último rei etrusco, Tarquínio, o Soberbo, acusado provavelmente de tomar medidas que favoreciam a plebe. Inicialmente, as funções antes desempenhadas pelo rei foram divididas entre dois cônsules. Terminava assim o período monárquico e tinha início o período republicano.
REPÚBLICA (509 – 27 a.C):
República é uma palavra de origem latina e significa “coisa pública” ou então, “coisa de todos”. Porém, na prática, não era o que acontecia na república dos romanos, já que o poder político não era distribuído entre todos e era totalmente concentrado nas mãos dos patrícios. Por outro lado, para os plebeus, sem direitos de participação política, restavam apenas as obrigações de pagar impostos e servir ao exército.
Com a instauração da república o Senado,composto por cerca de 300 membros com mandato vitalício, ganhou grande importância política em Roma cabendo a ele decidir sobre questões políticas e militares e ainda administrar as finanças públicas. Havia também a chamada Assembleia dos Cidadãos que tinha o poder de aprovar ou não as decisões tomadas pelo Senado e de escolher os dois chefes do governo (cônsules) e os magistrados (quadro ao lado). Essa assembleia era controlada igualmente pelos patrícios.
Durante a República podemos citar dois acontecimentos como sendo os mais importantes: a expansão do território romano pela Península Itálica e o descontentamento cada vez maior dos plebeus, excluídos da vida pública e prejudicados socialmente.
Conquistas militares e expansão territorial
A república romana foi profundamente marcada pela grande expansão do território, o que ocorreu basicamente através de conquistas militares. Com um poderoso exército, os romanos conseguiram, entre 509 a.C e 270 a.C, conquistar praticamente toda a península itálica. A conquista e colonização de novos territórios, isto é, o expansionismo romano, teve início durante o período republicano e tinha dois objetivos: proteger as fronteiras contra possíveis ataques de povos vizinhos e garantir novas terras para o desenvolvimento da agricultura e para a criação de animais.
Após sucessivas guerras e de dominarem a Península Itálica, os romanos passaram a expandir seus domínios pelo restante do continente europeu, pelo norte da África e pelo que chamamos hoje de Oriente Médio (atuais Síria, Líbano, Iraque, Israel e Turquia).
No avanço sobre novos territórios, os romanos passaram a disputar o controle comercial na região do Mar Mediterrâneo onde entraram em choque com várias potências rivais, entre elas, Cartago, situada no norte da África. As guerras entre romanos e cartagineses, conhecidas como Guerras Púnicas, foram decisivas para os romanos formarem mais tarde um dos maiores impérios do mundo antigo. Nesse longo processo de expansão territorial, os plebeus tiveram grande importância pelo fato de comporem a maior parte das forças militares romanas.
As Guerras Púnicas - ROMA X CARTAGO
A partir do ano de 264 a.C, após dominarem toda a Península Itálica, os romanos entraram em conflito com Cartago, centro de grande importância fundado pelos fenícios e localizado no norte da África. Cartago representava na época a principal potência marítima e comercial do mar Mediterrâneo, possuindo diversas colônias no norte do continente africano, na Sicília, na Sardenha e na Córsega, sendo, portanto, a principal concorrente comercial dos romanos e um grande obstáculo para a continuidade da expansão territorial.
Na Antiguidade, aqueles que obtivessem o domínio sobre o Mediterrâneo garantiriam a supremacia comercial. Desse modo, a principal causa para as guerras entre romanos e cartagineses foi o controle comercial do mar Mediterrâneo. As duas potências se enfrentaram entre 264 e 146 a.C, até que Roma conseguiu derrotar Cartago e estabelecer seu domínio na região. A conquista abriu caminho para o expansionismo dos romanos que passaram a controlar quase todos os territórios em torno do mar Mediterrâneo, chamado por eles de Mare Nostrum (Nosso Mar).
A revolta dos plebeus
O início da República foi marcado pela revolta dos plebeus contra a dominação política, social e econômica dos patrícios. Os motivos para a disputa entre os dois principais grupos sociais na Roma Antiga eram vários e fáceis de serem notados, já que a desigualdade social aumentava na medida em que Roma se desenvolvia e o território era expandido.
Tendo muitos deveres e pouquíssimos direitos, os plebeus, apesar de comporem a maior parcela da população, reclamavam por não terem participação e poder de decisão política. Sendo assim, automaticamente também não tinham acesso a nenhum dos cargos da magistratura,privilégio exclusivo para os patrícios.
Outro grande problema para os plebeus ocorria no momento em que eram convocados para servirem o exército e eram, desse modo, forçados a deixar suas propriedades. Ao retornarem da guerra, principalmente aqueles que viviam da agricultura e da criação de animais, eram obrigados a contrair empréstimos e ficavam endividados. Muitos entregavam suas terras como pagamento eaqueles que não tivessem condições de pagar suas dívidas poderiam ser escravizados. Além disso, ao servirem o exército romano os plebeus eram injustiçados na divisão do espólio [4] etinham poucos direitos sobre as terras do Estado, chamadas ager publicus, e que haviam se expandido muito com as guerras de conquista. Para completar, era proibido por lei o casamento entre patrícios e plebeus.
Essas injustiças indignavam tanto os plebeus mais pobres como aqueles que haviam conseguido enriquecer com o comércio e com o artesanato, mas que continuavam, entretanto, sem poder ocupar as magistraturas e sem o mesmo poder de influência que os patrícios. As mudanças nessa realidade começaram a ocorrer a partir de 494 a.C, quando os plebeus tomaram consciência da importância que tinham para Roma, principalmente para a formação do exército. Como já foi dito, a segurança e prosperidade de Roma dependiam da existência de um exército bem preparado e numeroso, e, para isso, era essencial a participação dos soldados plebeus.
Dispostos a lutar por igualdade de direitos, os plebeus promoveram várias revoltas e utilizaram a tática de fazer uma greve militar. Sabendo que eram fundamentais para a formação do exército, os plebeus dirigiram-se para o Monte Sagrado e recusaram-se a prestar o serviço militar enquanto não tivessem atendidas as suas revindicações. Como representavam a maior parte dos trabalhadores e dos soldados, os patrícios foram obrigados a ceder e as primeiras exigências feitas pelos plebeus, aos poucos, foram sendo atendidas.
A primeira grande conquista foi a criação do Tribuno da Plebe (494 a.C), uma nova magistratura que seria ocupada exclusivamente por plebeus. Os dois tribunos da plebe teriam o direito de vetar todas as decisões e leis que considerassem prejudiciais aos interesses dos plebeus.
Mesmo com o direito de poder vetar as decisões tomadas pelos patrícios, os plebeus continuavam sofrendo devido à má distribuição da riqueza, com a falta de terras e por estarem sujeitos ainda há uma série de restrições, lembrando que as regras criadas antes da existência do Tribuno da Plebe continuavam tendo validade. Assim, as revoltas prosseguiram e aos poucos os plebeus obtiveram outras importantes conquistas.
PESQUISA: A primeira greve da história
PESQUISA: A primeira greve da história
As consequências do expansionismo
As conquistas militares e a expansão do território afetaram profundamente a situação de toda a sociedade romana. Além de grandes transformações sociais, a economia, a política e a cultura também se modificaram.
Apesar de conquistarem diversos direitos, a maioria da plebe continuou sem participar da política, excluída socialmente e prejudicada economicamente. Mesmo com a abolição da escravidão por dívidas, por exemplo, os problemas persistiram e foram responsáveis por diversos conflitos. Por outro lado, os patrícios recebiam a maior parcela das terras conquistas e ainda ficavam com as propriedades daqueles plebeus endividados e que passavam a se dedicar a outras atividades na cidade ou a prestarem serviços para os grandes proprietários. Entre as principais consequências da expansão podemos citar:
Acúmulo de riquezas – os romanos obtiveram grandes lucros explorando as terras conquistadas, de onde saqueavam, por exemplo, ouro, prata e rebanhos. Além disso, o aumento das áreas para o cultivo agrícola provocou um grande aumento da produtividade.
Aumento populacional e da escravidão – as conquistas também provocaram um grande aumento populacional, devido principalmente a grande quantidade de prisioneiros que eram feitos nos combates. Esses prisioneiros eram transformados em escravos que trabalhavam tanto como campo como na cidade e executavam várias funções. Estimasse que ao final das Guerras Púnicas os romanos tenham escravizado cerca de 50.000 pessoas.
Êxodo rural e crescimento comercial – muitos plebeus retornavam da guerra empobrecidos e eram obrigados a abandonar o campo e migrar para as cidades. Desse modo, as novas terras conquistadas também contribuíram para intensificar atividades como o comércio e o artesanato. Em torno dessas atividades surgiu um novo grupo social que acumulava grande riqueza: os homens novos ou cavaleiros. O comércio marítimo com o controle romano sobre o mar Mediterrâneo foi muito ampliado.
O aumento da desigualdade social e novos conflitos sociais – como toda a riqueza conquistada era má distribuída, já que os patrícios se apossavam da maior parte, a desigualdade social ficou ainda mais evidente em Roma. Surgiram os latifúndios, grandes propriedade rurais que pertenciam a um único dono ou família. Ao mesmo tempo, foi natural o aumento do número de plebeus pobres que eram explorados pelos patrícios e não tinham acesso a terra. Naturalmente, as diferenças sociais provocaram inúmeros conflitos envolvendo patrícios, plebeus, homens novos e também escravos.
Transformações culturais – o comércio e as conquistas militares favoreceram o contato dos romanos com outras civilizações. Os romanos assimilaram valores da cultura dos povos dominados como egípcios, mesopotâmicos, persas e principalmente gregos. Assim, ocorreu uma grande mudança no estilo de vida romano. Essas mudanças puderam ser notadas nas casas, no modo de se vestir e na alimentação das classes dominantes. As atividades militares foram sendo profissionalizadas e a vida urbana passou a ser mais valorizada.
Nova organização administrativa – Os territórios conquistados e mais as suas colônias foram transformados em províncias que eram obrigadas a enviar seus tesouros para Roma. Para isso, os romanos nomearam governadores para cada uma delas que tinham a função de cobrar os mais diversos impostos e garantir a arrecadação.
A Crise da República
A fortuna conquistada pela minoria representava o aumento das dificuldades para a maioria. Assim, a expansão territorial provocou uma grande crise na república romana. Os plebeus faziam exigências através dos tribunos, porém, os patrícios recusavam-se a atendê-las e a vida em Roma tornou-se tensa. Após o término das Guerras Púnicas, em 146 a.C, teve início um período de extrema agitação social. Além dos plebeus, escravos e povos que haviam sido dominados passaram a se rebelar com mais frequência.
Com tantas revoltas internas e com rebeliões ocorrendo nas províncias conquistadas, que não aceitavam o domínio romano ou então exigiam direitos de cidadãos, o exército se tornou ainda mais importante para a segurança de Roma. Com as vitórias nas guerras de conquista os generais ganharam grande popularidade junto ao povo e passaram a desafiar o poder dos cônsules, intervir nas decisões do Senado e usar seus exércitos para exterminar adversários políticos.
Em 107 a.C, o general Mário foi eleito cônsul. Defensor da plebe, Mario modificou a organização do exército e os soldados passaram a receber um soldo(salário), ter participação garantida na divisão dos espólios e a receber um lote de terra após 25 anos de carreira militar. Mário foi eleito cônsul seis vezes consecutivas e após sua morte, em 86 a.C, foi a vez do general Sila, apoiado pelos patrícios e pelo Senado, assumir o poder e ganhar o título de ditador. Após a morte de Sila, em 78 a.C, dois importantes generais, Crasso e Pompeu, que haviam conquistado importantes vitórias em campanhas militares e eliminado diversas rebeliões de escravos,[5] também adquiriram espaço político. Em 70 a.C, ambos foram eleitos cônsules e na mesma época, Júlio Cesar, outro general do exército e sobrinho de Mário, começou a se destacar politicamente.
Os triunviratos e a formação do Império Romano
Diante da instabilidade política e da crise social o Senado decidiu organizar um governo composto pelos três generais mais importantes de Roma. Assim, em 60 a.C, Júlio César, Crasso e Pompeu estabeleceram uma aliança apoiada pelo exército e formaram o Primeiro Triunvirato (governo de três pessoas) romano. Com a formação do Triunvirato o Senado teve seu poder sensivelmente reduzido. Os três generais deveriam governar juntos Roma, porém, logo surgiram as primeiras desavenças. Em 53 a.C Crasso foi morto durante uma campanha militar e Pompeu e Júlio Cesar passaram a disputar o poder.
Em 49 a.C os exércitos comandados pelos dois generais se confrontaram diretamente e Júlio Cesar saiu vitorioso tornando-se o ditador supremo dos romanos. Júlio Cesar tinha o objetivo de manter a unidade do imenso território e amenizar os conflitos sociais e para isso durante seu governo implantou uma série de reformas. Diversas obras públicas foram construídas, a administração foi reorganizada, latifúndios foram desapropriados e as terras distribuídas entre as famílias mais numerosas, foi estimulada a colonização das províncias romanas e ainda reformulado o calendário. Além disso, nesse período o território do Egito passou a ser dominado pelos romanos. [6] Com as reformas realizadas, Júlio Cesar adquiriu, naturalmente, grande apoio popular, porém, ao mesmo tempo, teve que enfrentar a elite que passou a conspirar contra seu governo. Assustados com a popularidade alcançada pelo general e o acusando de estar querendo assumir todo o poder em Roma, alguns senadores, liderados por Brutus e Cássio, assassinaram Júlio Cesar a punhaladas em 44 a.C quando este entrava no Senado. [7]
A morte de Júlio Cesar provocou grande revolta na população e diante de nova crise foi organizado um Segundo Triunvirato, formado por Marco Antônio, Otávio e Lépido. Inicialmente os três se uniram para derrotar os senadores, porém, logo após alcançarem esse objetivo iniciaram uma acirrada disputa política. Cada um dos três generais passou a dominar uma área do grande território. Após uma série de lutas, Otávio afastou Lépido e derrotou as forças de Marco Antônio tornando-se, a partir de 27 a.C, a maior autoridade de Roma e de todos os territórios dominados.. Otávio, que era sobrinho de Júlio Cesar, acumulou vários poderes e títulos, entre eles o de augusto(que significa sagrado) e o de rei absoluto de Roma. Terminava assim a República e tinha início o Império.
PESQUISA: a vida de Júlio César
PESQUISA: a vida de Júlio César
PESQUISA:os principais imperadores romanos.
IMPÉRIO (27 a.C – 476 d.C):
A principal característica do período imperial, que marcou o auge e também a decadência dos romanos, foi a concentração do poder absoluto nas mãos do imperador, que estava acima de tudo e de todos. Oficialmente, após acumular grandes poderes, foi Otávio o primeiro imperador.
O governo de Otávio:
Durante seu longo governo, que durou cerca de quarenta anos (27 a.C – 14 d.C), Otávio permitiu que importantes instituições da República continuassem existindo, mas concentrou, ao mesmo tempo, todos os poderes em suas mãos.. Além de ser o chefe político, o imperador era também a maior autoridade militar e religiosa, era quem decretava as leis, estabelecia os impostos e ainda decidia pela continuidade da guerra ou pela manutenção da paz. Desse modo, o Senado, por exemplo, era mantido apenas para aprovar decisões tomadas pelo governante.
Nesse período Roma atingiu seu apogeu artístico e teve, graças a uma série de reformas promovidas, o início de uma nova era de prosperidade social, política e econômica. Diante das dificuldades que os romanos passaram a sentir para administrar um território tão extenso, conquistado ainda durante a república, Otávio interrompeu o processo de conquistas militares. Sem as guerras de conquista, a sociedade romana passou a desfrutar de um período de relativa paz que ficou conhecido como Pax Romana.
Nesse período Roma atingiu seu apogeu artístico e teve, graças a uma série de reformas promovidas, o início de uma nova era de prosperidade social, política e econômica. Diante das dificuldades que os romanos passaram a sentir para administrar um território tão extenso, conquistado ainda durante a república, Otávio interrompeu o processo de conquistas militares. Sem as guerras de conquista, a sociedade romana passou a desfrutar de um período de relativa paz que ficou conhecido como Pax Romana.
Mesmo assim, o governo profissionalizou o exército romano que no total passou a contar com cerca de 300 mil homens e estar organizado de forma permanente. As principais funções desse exército era garantir a segurança das fronteiras do império contra a invasão dos chamados povos “bárbaros” e sufocar as possíveis rebeliões nas províncias. Portanto, durante o período imperial, ao contrário do que aconteceu durante a república, o exército servia para assegurar a paz dentro do império e não conquistar novos territórios. Além disso, ao profissionalizar o exército Otávio amenizou parte do problema do desemprego em Roma, já que milhares de plebeus foram empregados e passaram a receber um salário fixo.
A nova política adotada por Otávio provocou também uma grande mudança na forma de se explorar a terra. Isto porque, sem guerras, naturalmente foi diminuindo o número de escravos o que levou os grandes proprietários a arrendarem parte das terras para homens livres, que por sua vez pagavam pela terra entregando parte da produção. Assim, o sistema de escravidão foi sendo aos poucos substituído pelo sistema de colonato. [8]
Na administração, Otávio dividiu as 54 províncias de Roma em dois grupos: províncias senatoriais (regiões pacificadas) e províncias imperiais (regiões de mais instabilidade social e onde as revoltas eram mais frequentes; cada uma foi entregue a um governador, escolhido pelo próprio imperador). Para manter a unidade do império e facilitar as atividades econômicas, o governo definiu a circulação de uma única moeda que era valida nas diferentes regiões e investiu na construção de estradas e pontes que ligavam todas as regiões do Império entre si. [9]
Por todas essas realizações, além de ter sido o primeiro, Otávio é considerado por muitos como o mais importante dos imperadores romanos. Após sua morte, ocorrida em 14 d.C, quatro dinastias ocuparam o poder em Roma que foi aos poucos passando por profundas transformações. Os primeiros dois séculos do período imperial, em virtude do esplendor artístico, cultural e econômico, ficaram conhecidos como a Idade de ouro romana, porém, entre o final do século II e início do século III começaram a ficar evidentes os sinais de crise no Império.
A crise e o fim do Império Romano
Após a morte de Otávio inúmeros imperadores ocuparam o trono em Roma. A prosperidade que marcou os primeiros duzentos anos do Império foi ficando para trás na medida em que recomeçaram os conflitos sociais. Existem vários motivos para a decadência do Império Romano. Estimasse que os romanos chegaram a dominar uma área de 4 milhões de Km² onde viviam cerca de 70 milhões de pessoas. Tornou-se muito difícil manter a ordem no imenso território habitado por povos de hábitos e culturas tão diferentes que não aceitavam o domínio e as regras impostas pelo governo.
Como o serviço militar havia deixado de ser obrigatório, o governo romano foi obrigado a investir mais no exército e permitiu em suas legiões a presença de soldados - vindos de diversas regiões - que lutavam na condição de mercenários, isto é, recebendo grandes quantias em dinheiro. Essa delicada situação provocou naturalmente o aumento das despesas do governo, que por sua vez, elevou o valor dos impostos cobrados.
Além disso, a economia romana também foi atingida pela falta de escravos. Sem escravos, teve início uma nova relação de trabalho, o colonato. Plebeus empobrecidos passaram a ser explorados pelos grandes proprietários rurais para quem trabalhavam em troca de parte da produção. A terra passou a ser supervalorizada e o clima de insegurança, gerado pela desordem social e política, prejudicava também o comércio. Aos poucos as cidades iam perdendo importância e a desigualdade tornava-se cada vez maior.
Enquanto que a menor parte da população concentrava toda a riqueza e vivia em permanente clima de festa, crescia o número de desempregados e miseráveis entre os comerciantes e pequenos camponeses. Para controlar as revoltas populares que se tornaram frequentes, o governo passou a distribuir alimento e oferecer espetáculos públicos e festas para a população. Além dos combates dos gladiadores[10], travados no Coliseu, os romanos se interessavam também pelo circo, pelo teatro e pelas corridas de bigas, carruagem puxada por cavalos. [11] Essa prática adotada pelos governantes romanos ficou conhecida como“política do pão e circo”, e foi adotada ao longo do período imperial.
Para agravar a crise, os romanos tiveram que enfrentar a pressão dos chamados povos bárbaros.[12] Pouco a poucos esses povos, de modo pacífico ou violento, passaram a dominar as fronteiras do Império. Desse modo, as guerras recomeçaram, não para expandir o território, mas sim para defender as fronteiras ameaçadas. Como o exército romano estava formado, nesse período, em grande parte por bárbaros que lutavam na qualidade de mercenários, tornou-se muito difícil defender o território, uma vez que muitos dos soldados encarregados de proteger as fronteiras tinham a mesma cultura, mesmos valores e até mesmos interesses do inimigo.
Na política, as autoridades do império não eram mais reconhecidas e era comum a disputa pelo cargo de imperador entre os generais do exército que usavam a força de suas tropas. A instabilidade política era tanta que em um período de 50 anos, 26 imperadores ocuparam o trono, sendo que somente um teve morte natural.
O coliseu romano foi erguido perto do ano 80 d.C., e era um local onde ocorriam diversas lutas entre gladiadores, peças de teatro e até mesmo jogos. É um dos pontos turísticos mais visitados do mundo.
PESQUISA: mais sobre o Coliseu http://www.sohistoria.com.br
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A divisão do Império
Diante da incontrolável crise e da evidente decadência do Império, os romanos optaram por dividir o território em duas partes após a morte de Teodósio, em 395 d.C: a parte Ocidental, com capital em Roma, e a parte Oriental, com capital em Constantinopla, antiga cidade de Bizâncio remodela pelo imperador Constantino. Com essa divisão os romanos pretendiam fortalecer cada uma das partes, facilitar a administração e criar as condições necessárias para resistir as invasões bárbaras.
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