terça-feira, 29 de março de 2016

9.1 - A Primeira República (1889 - 1930)

 Após a independência do Brasil, declarada no dia 07 de setembro de 1822, o país adotou a Monarquia como forma de governo. Porém, em vários momentos já havia sido proposta a República[1], como por exemplo, na Inconfidência Mineira (1789), na Conjuração Baiana (1798), na Revolução Pernambucana (1817) e na Guerra dos Farrapos (1835). Mesmo assim, o regimemonárquico se consolidou no Brasil durante o Segundo Reinado. A partir da década de 1870, entretanto, a insatisfação com o governo imperial aumentou e muitos setores da sociedade foram mudando de opinião e começaram a defender a ideia de que o Brasil deveria se transformar numa República. 
No final do ano de 1870 foi publicado no Rio de Janeiro o“Manifesto Republicano” [2] e, para disputar o poder com os partidos Liberal e Conservador, fundado o Partido Republicano. Apesar de o partido estar dividido em dois grupos, o movimento republicano se fortaleceu por todo o país e o imperador D. Pedro II foi perdendo até mesmo o apoio dos grandes cafeicultores paulistas. Ao mesmo tempo, desentendimentos do governo com os militares e com a igreja e a abolição da escravidão, que provocou a falência de muitos fazendeiros, tornaram muito complicada a situação para D. Pedro II, que ainda tentou, sem sucesso, através das Reformas do Visconde de Ouro Preto,[3] promover algumas mudanças que visavam frear o movimento republicano. Era tarde demais.
Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca, acompanhado de Benjamim Constant e Quintino Bocaiúva, dirigiu-se com suas tropas até a sede do Ministério da Guerra onde estavam refugiados o visconde de Ouro Preto e outros ministros do governo.  Praticamente não existiu resistência ao golpe e o próprio Marechal Floriano Peixoto, que tinha o compromisso de defender o governo, abriu as portas do quartel general para as tropas de Deodoro. Apesar de não ser muito favorável a ideia, Deodoro da Fonseca assinou a proclamação da República na noite de 15 de novembro e na madrugada do dia 16 D. Pedro II foi comunicado de forma oficial sobre a mudança do regime e que teria 24 horas para deixar o Brasil. [4] Começava assim, a República no Brasil.
 A primeira parte dessa história costuma ser chamada de República Velha que é dividida em duas partes:República da Espada (1889 – 1894), quando os militares exerceram o poder, e República das Oligarquias (1894 – 1930), quando os grandes proprietários comandaram o país.


O GOVERNO PROVISÓRIO:

     Ao proclamarem a República os brasileiros se depararam diante de outro problema: Quem governaria o Brasil? Por terem liderado o golpe, os militares naturalmente assumiram esse compromisso. O marechal Deodoro da Fonseca ocupou o posto de chefe do governo provisório e, portanto, a responsabilidade de preparar o terreno para a instalação do primeiro governo republicano no Brasil.

As principais medidas tomadas pelo governo provisório:
A instituição do federalismo: cada província se tornou um Estado da nação e adquiriu maior autonomia, isto é, liberdade para resolver seus problemas e elaborar suas próprias leis (desde que respeitassem a constituição). No novo sistema, o governo central, com sede no Rio de Janeiro, seria encarregado de resolver os problemas gerais, manter relações internacionais, organizar e manter o exército, emitir dinheiro e fazer leis de interesse de todo o país.
A extinção do regime do padroado: o catolicismo deixou de ser a religião oficial do Estado.
Criação de novos símbolos nacionais:o governo determinou que os símbolos da monarquia fossem substituídos. Um exemplo disso foi a bandeira nacional com o lema “ordem e progresso” sugerida pelo ministro Augusto Comte.  
Lei da grande naturalização: declarava brasileiros todos os estrangeiros residentes no Brasil. Quem não quisesse se naturalizar deveria informar o governo. A lei foi criada devido ao grande sentimento antilusitanto que havia no país.
Convocação da Assembleia Nacional: A passagem de Monarquia a República exigia que uma nova constituição fosse elaborada. Com esse objetivo, Deodoro da Fonseca convocou a Assembleia Nacional, composta em sua maioria por representantes dos grandes senhores de terra e militares. 
Reforma financeira: o governo tinha o objetivo de estimular o crescimento econômico, principalmente o desenvolvimento da indústria. O encarregado de promover essa reforma foi Rui Barbosa, nomeado por Deodoro da Fonseca para o cargo de Ministro da Fazenda. A estratégia do ministro foi permitir que os bancos emitissem moeda liberassem grandes empréstimos que serviriam para financiar as indústrias e promover o crescimento da economia. Porém, prometendo que o dinheiro seria empregado na indústria, muitos criaram “empresas fantasmas” apenas para conseguir dinheiro fácil nos bancos. Além disso, a grande quantidade de dinheiro em circulação provocou uma grande inflação (desvalorização do dinheiro), isto é, alta nos preços dos produtos e serviços. Muitas empresas faliram durante a chamada crise do encilhamento. A política de Rui Barbosa a principio agradaria os militares, porém, não era bem vista pelos grandes latifundiários. Assim, pela primeira vez se chocaram os interesses dos dois grupos que comandaram o golpe da República.

A primeira Constituição da República (1891)

A Assembleia Constituinte iniciou seus trabalhos no dia 15 de novembro de 1890, dois meses após terem sido escolhidos os representantes de cada estado e justamente quando se comemorava um ano da proclamação da República. No dia 24 de fevereiro de 1891 foi concluída e proclamada a primeira constituição da republica brasileira.

Em linhas gerais, a constituição manteve as decisões tomadas pelo governo provisório liderado por Deodoro da Fonseca.  O sistema de voto, a forma de governo e a divisão dos poderes foram os principais pontos da nova constituição.  

ü Foi instinto o poder moderador que era exercido pelo imperador e foram mantidos os outros três: Executivo, Legislativo e Judiciário.
ü  Adotou-se o governo republicano com sistema presidencialista. O país passou a ser uma República Federativa e os Estados ganharam maior autonomia para elaborar suas próprias leis.
ü  Ficou estabelecido quatro anos para o mandato do presidente, nove anos para os senadores e três anos para os deputados.
ü Quanto ao sistema eleitoral, foram poucas as mudanças em relação à constituição de 1881. O voto seria direto, aberto e somente para homens acima de 21 anos e que comprovassem sua alfabetização, ou seja, assim como no Império, mulheres e analfabetos ficavam afastados do processo de decisão política. A Constituição de 1891 só eliminou a exigência de renda mínima para o voto.
As primeiras eleições da república

Outra decisão tomada pelos deputados na Assembleia Nacional foi de que as primeiras eleições seriam indiretas, isto é, ao contrário do que previa a nova constituição, o povo não pôde escolher de maneira direta o primeiro presidente da República. A escolha caberia aos deputados. Na disputa pelos cargos de presidente e vice, formaram-se duas chapas. De um lado, representando os interesses dos grandes cafeicultores de São Paulo, insatisfeitos com o governo de Deodoro, estavam Prudente de Moraes para presidente e o marechal Floriano Peixoto para vice, do outro, representando os setores militares, o próprio Deodoro da Fonseca para presidente e Eduardo Wandelkolk para vice. O resultado foi o seguinte: Deodoro da Fonseca venceu Prudente de Moraes por uma pequena diferença, somente 32 votos, porém, Floriano Peixoto venceu Eduardo Wandelkolk por uma diferença de 96 votos. Deodoro foi nomeado presidente e Floriano, representante do grupo de oposição, para vice-presidente. [5]

O GOVERNO DE DEODORO DA FONSECA (1891)

O governo de Deodoro foi marcado pela forte agitação política. Desde o início de seu mandato[6] constitucional, em março de 1891, o presidente teve que enfrentar a forte oposição do Congresso Nacional, dominado pelos cafeicultores paulistas. Além disso, teve que conviver com o maior prestígio de seu vice, Floriano Peixoto. De modo geral, a falta de entendimento entre o presidente e o Congresso se devia a crise econômica, já que Deodoro era acusado por muitos pelo fracasso da reforma financeira proposta por Rui Barbosa, e também pelas denúncias de corrupção que eram feitas contra o governo. 
O marechal perdeu o apoio tanto dos grandes cafeicultores como dos militares e, para combater a oposição, foi autoritário decretando o fechamento do Congresso, convocando novas eleições e anunciando uma revisão na constituição.  A atitude do presidente, ilegal já que pela lei ele não tinha esse direito, provocou a reação imediata do exército e da marinha. [7]  Os protestos contra o autoritarismo de Deodoro aumentaram. Temendo uma guerra civil e sem apoio no Congresso, Deodoro não teve condições de cumprir seu mandato até o fim e renunciou em novembro de 1891. O vice, Floriano Peixoto, assumiu o cargo de presidente.


O GOVERNO DE FLORIANO PEIXOTO (1891 - 1894)

Diferente de Deodoro, Floriano Peixoto demonstrou ser um habilidoso político. Conseguiu agradar e unir diferentes grupos, garantindo apoio dos grandes cafeicultores e acalmando os setores militares. Por ter tido essa capacidade, Floriano é considerado por muitos como o principal responsável por consolidar o regime republicano no Brasil. Os diferentes grupos acreditavam que a subida de Floriano ao poder representaria à volta à normalidade e essa expectativa foi confirmada nas primeiras medidas tomadas por Floriano: a reabertura do Congresso Nacional e afastamento  dos chefes de governo que haviam sido indicados e nomeados pelo ex-presidente, atitude considerada autoritária mas que foi bem vista por garantir a defesa do regime republicano.  Além disso, Floriano tomou importantes medidas visando atender as classes mais populares - eliminou o imposto sobre alguns gêneros alimentícios, baixou o valor dos aluguéis e decretou uma lei que facilitava a construção de casas populares. 
Esse paternalismo[8] foi fundamental para a sustentação do governo. Floriano também procurou promover o desenvolvimento industrial. Para isso, facilitou a importação de equipamentos industriais, aumentou taxas sobre os produtos importados e autorizou a emissão de dinheiro para o financiamento das indústrias. Para evitar a inflação, a emissão de dinheiro passava a ser de responsabilidade exclusiva do governo.  A medida agradou os industriais, porém, desagradou profundamente os grandes fazendeiros que defendiam a continuidade da política de fortalecer o setor agrícola. Apesar de sua popularidade e de contar com o apoio de todos os setores da sociedade, não demorou para que Floriano passasse a sofrer com manifestações contrarias a seu governo. Apoiando-se na constituição, a oposição passou a contestar a legitimidade do governo de Floriano.
Pela constituição, o vice só poderia ocupar o lugar do presidente se o mesmo já tivesse exercido pelo menos metade do mandato. Como Deodoro da Fonseca havia governado o país por apenas nove meses novas eleições deveriam ser realizadas. Floriano Peixoto, entretanto, não interpretava a constituição da mesma maneira e afirmou que essa determinação era válida somente para as eleições que se dessem de forma direta. Desse modo, como a escolha de Deodoro para presidente e Floriano para vice havia sido indireta, essa cláusula não tinha valor.
A forma como enfrentava seus adversários políticos renderam a Floriano Peixoto um apelido:marechal de ferro. Apesar das duas revoltas que teve que enfrentar em seu governo (Revolta da Armada e a Revolução Federalista), Floriano resistiu e cumpriu mandato iniciado por Deodoro até o final.

A Revolta da Armada (1893)

No final de março de 1893, 13 generais assinaram um manifesto (Manifesto dos 13 generais) exigindo o afastamento do presidente e a convocação de novas eleições presidenciais. Floriano reagiu de forma enérgica e ordenou o afastamento e a prisão dos oficiais envolvidos. Mesmo assim, em setembro do mesmo ano, sob a liderança do almirante Custódio José de Melo, 15 navios de guerra ameaçavam bombardear o Rio de Janeiro caso novas eleições não fossem convocadas.
Custódio de Melo, que havia renunciado o cargo de ministro da Marinha e ambicionava chegar à presidência da República, acusava Floriano de autoritarismo e era simpático as propostas federalistas dos sul-rio-grandenses. As promessas dos revoltosos foram cumpridas, mas, contanto com o apoio dos cafeicultores paulistas, da população, que temia que o movimento restaurasse a monarquia, e fazendo uso das tropas do exército, o governo conseguiu dominar a revolta.

 A Revolução Federalista (1893 - 1895)

A oposição ao governo de Floriano também era forte no Rio Grande do Sul, onde ocorreu a chamada Revolução Federalista. Era grande a rivalidade partidária. De um lado, estava o governo liderado por Júlio de Castilhosrepresentante do PRR (Partido Republicano Rio-grandensee importante aliado de Floriano Peixoto; de outro, estava o Partido Federalista, liderado por Silveira Martins e que lutava contra a excessiva centralização política e para anular a constituição que estava em vigor no Rio Grande do Sul e permitia a reeleição de Júlio de Castilhos.  
Em fevereiro de 1893 os federalistas (maragatos) se levantaram contra os republicanos (chimangos). Contando com o apoio de grandes estancieiros e unindo-se aos rebeldes da Armada, os federalistas ameaçavam atacar o Estado de São Paulo onde estava a elite que apoiava o governo de Floriano. No Rio de Janeiro, a rebelião no Rio Grande do Sul era vista como monarquista e para garantir a defesa da República, Floriano mobilizou o exercito. O conflito regional ganhou dimensão nacional. Aproximadamente 10 mil pessoas morreram e a revolta só foi controlada durante o governo de Prudente de Moraes, em 1895.










 Apesar da instabilidade política e de prosseguir no Rio Grande do Sul a disputa entre chimangos e maragatos, Floriano Peixoto se manteve no poder até o final. Conforme se aproximava o fim do mandato de Floriano, os paulistas se organizavam para a primeira eleição presidencial por voto direto do período republicano. O candidato vencedor foi Prudente de Moraes e assim se encerrava o período da República da Espada, quando os militares controlaram a política brasileira, e iniciava-se o período da República das Oligarquias no qual o poder foi disputado e revezado especialmente pelasoligarquias[9] de São Paulo e Minas Gerais e que tem como importante característica o poder político dos grandes fazendeiros, os chamados coronéis.







     Após os governos militares de Deodoro da Fonseca e de Floriano Peixoto, responsáveis pela consolidação do regime republicano, teve início uma fase em que o Brasil foi governado por civis que estavam normalmente ligados aos interesses das oligarquias regionais, ou seja, aos interesses de poucas pessoas pertencentes a um grupo social dominante.

Como as oligarquias chegaram e se fortaleceram no poder?

    Com o federalismo estabelecido na Constituição de 1891, as oligarquias estaduais passaram a controlar o poder político já que, ao contrário de hoje, os impostos de exportação eram arrecadados pelos estados.  Dessa forma, os estados que mais exportavam, São Paulo e Minas Gerais, se tornaram os mais poderosos. Com a vitória de Prudente de Moraes nas eleições realizadas em março de 1894, a oligarquia de São Paulo, representada pelos cafeicultores, passou a dominar a política nacional procurando alianças com outras oligarquias.

Presidentes da República deste período:


A situação política

As oligarquias exerciam o monopólio político sobre o Brasil em todos os níveis: federal, estadual e municipal. Durante o Império, devido às regras eleitorais[10], somente 1% da população participava do processo eleitoral. Com a proclamação da República, apesar de ter sido abolido o voto censitário[11] e de ter sido instituído o voto aberto para os homens acima de 21 anos, a maior parte da população permanecia afastada da política já que as mulheres, os analfabetos, os padres e os soldados não tinham direito ao voto.  Com a reduzida parcela da população tendo direito ao voto e esse ainda sendo aberto, ou seja, não secreto, os chefes políticos locais, normalmente grandes fazendeiros que eram chamados de coronéis[12], puderam exercer forte influência nas eleições que eram marcadas por fraudes, violência e pela troca de favores. 
Durante toda a República Velha os coronéis, com grande poder sobre o eleitorado, garantiam os resultados nas eleições.  O voto era garantido de diferentes maneiras: violência, o eleitor poderia perder o emprego ou até mesmo sofrer castigos físicos caso não votasse no candidato indicado pelo coronel; troca de favores, quando o coronel oferecia bens (alimento, remédio, segurança, emprego, etc;) em troca do voto no candidato indicado; fraude eleitoral, era comum a adulteração de resultados, roubo de urnas e até inclusão de votos de pessoas inexistentes e até mesmo já falecidas.[13] Esse tipo de voto, obtido em troca de “favores” ou pela pressão, ficou conhecido como voto de cabresto, ou seja, voto que muitas vezes poderia não representar a vontade do eleitor.  
Devido a essas práticas, o sistema de dominação política durante a República Velha ficou conhecido como coronelismo.[14] Apesar de existirem partidos, Congresso e eleições a cada quatro anos, não podemos afirmar que existia democracia no Brasil durante a maior parte da República Velha. Muito pelo contrário, o poder era exercido por poucos e maioria absoluta da população ficava afastada do jogo político. Além disso, prevalecia a política do medo onde à violência era uma prática comum durante as campanhas. Foi estabelecida no Brasil, durante a República Velha, uma grande rede de compromissos que se iniciava com os coronéis, a nível municipal, se estendia até as lideranças estaduais e chegava até a presidência da República.
Com o apoio dos coronéis, o governador chegava e mantinha-se no poder e ajudava a eleger deputados e senadores que fossem favoráveis ao presidente da República que, por sua vez, retribuía os favores oferecendo verbas, empregos e apoio político aos governadores que repassavam benefícios aos coronéis que assim continuavam exercendo seu poder no âmbito municipal. Esse compromisso entre os estados e o governo federal era chamado de política dos governadoresA principal aliança política sem dúvida alguma foi a que uniu as oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, estados mais ricos e populosos desse período. Com a sólida aliança entre os dois estados, São Paulo, maior produtor de café, e Minas Gerais, que se destacava na produção leiteira, se fortaleceu no país a política do café com leite, pela qual o Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro atuavam coligados e garantiam a vitória e o revezamento entre os políticos de Minas Gerais e São Paulo. Depois dos primeiros presidentes militares (Deodoro e Floriano), os presidentes que governaram o país até 1930, eram grandes proprietários de terra ou então tiveram apoio direto deles. Portanto, os grandes fazendeiros controlaram o poder político e econômico durante toda a República Velha.

A situação econômica


Ao contrário de hoje, a economia brasileira era basicamente agrícola durante a República Oligárquica. Essa condição era fundamental para que os coronéis exercessem seu poder, já que a grande maioria da população (cerca de 70 %) vivia na área rural recebendo salários miseráveis e por isso a mercê dos abusos e favores dos coronéis que podiam exercer a política do medo. 
De maneira geral, os governos da República Velha privilegiaram a agricultura de exportação.  Assim, durante todo esse período o café continuou sendo o principal produto de exportação do Brasil, sendo produzido principalmente por São Paulo, seguido de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. O café chegou a representar mais de 50% das exportações do Brasil, o maior produtor mundial. Entretanto, o entusiasmo com as vendas em grande quantidade para os Estados Unidos e para a Europa acabou gerando também uma superprodução, já que os grandes cafeicultores foram investindo em novas plantações visando um lucro ainda maior. O excesso de café a disposição provocou o armazenamento do produto e consequentemente uma brusca queda dos preços. [15]
Os grandes fazendeiros não poderiam ficar no prejuízo, e para tanto, os principais estados produtores sem reuniram em 1906, na cidade paulista de Taubaté, para encontrar uma solução para a desvalorização o produto. A solução encontrada nessa reunião, que ficou conhecida Convênio de Taubaté foi a seguinte: o governo federal compraria o excesso da produção de café e estocaria para ser vendido no momento em que os preços se normalizassem. A proposta inicialmente foi rejeitada pelo presidente Rodrigues Alves, porém, seu sucessor, Afonso Pena, assinou o acordo e o  governo, para comprar o café e garantir o lucro dos cafeicultores, teve que recorrer a empréstimos no exterior.
O problema dos cafeicultores foi resolvido, porém, a situação econômica do governo foi prejudicada já que os estoques aumentavam e não surgiam boas oportunidades para a venda. Apesar de o café ser disparado o principal produto da economia brasileira, houve espaço também para aborracha, para o cacau, para a cana-de-açúcar e para o algodão[16]



A industrialização e o crescimento das cidades

Embora os governos priorizassem o setor agrícola, a expansão da lavoura cafeeira também favoreceu ao mesmo tempo o crescimento do setor industrial. Os lucros obtidos com o café serviram para importar máquinas e matérias-primas, fez surgir indústrias e favoreceu a diversificação do mercado interno. O maior investimento nas indústrias provocou automaticamente um maior investimento nas cidades. As áreas urbanas passaram por profundas modificações. Os lucros obtidos principalmente pelos cafeicultores foram, aos poucos, sendo empregados no setor industrial que foi se diversificando rapidamente (vestuário, alimentação, artigos de higiene;).  Preocupados com a escoação do café, os cafeicultores, em parceria com o governo e com investidores estrangeiros, passaram a investir na construção de ferrovias[17], portos, estradas, linhas de bonde, bancos e na produção de energia elétrica. Pelo fato de o crescimento industrial estar associado ao sucesso das lavouras de café, a industrialização foi maior na região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais). Oferecendo novas oportunidades, a população das áreas urbanas teve grande crescimento e o governo passou a incentivar a chegada de imigrantes[18] ao país para trabalhar principalmente nas lavouras de café de São Paulo. 

Leitura: o café e os imigrantes no Brasil.
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O Acre: a borracha era exportada pelo Brasil desde 1827, porém, com o crescimento industrial verificado na Europa a partir da Segunda Revolução Industrial, o produto passou a ser muito mais procurado e valorizado pela indústria automobilística e de bicicletas. Com o crescimento da exportação da borracha, muitos nordestinos, procurando fugir do poder exercido pelos coronéis, foram atraídos para a região do Amazonas. Em 1903, durante o governo de Rodrigues Alves, o território que hoje corresponde ao Acre foi comprado da Bolívia.  O território passou para o domínio brasileiro em troca do pagamento de dois milhões de libras esterlinas e do acordo de construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré

PESQUISA: o ciclo da borracha.
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O Brasil na Primeira Guerra Mundial:

A Primeira Guerra Mundial teve grande significado para a industrialização brasileira.  Embora o Brasil tenha se declarado oficialmente neutro no início do conflito em 1914, o afundamento de alguns navios da marinha brasileira por submarinos alemães obrigou o presidente Venceslau Brás a mudar de posição e entrar na guerra ao lado de franceses e ingleses. A participação brasileira foi pequena: a marinha de guerra recebeu a missão de patrulhar o oceano Atlântico, foram enviados mantimentos, matérias-primas e médicos. Porém, em termos econômicos o Brasil pôde se beneficiar com o conflito. Como os países industrializados deixaram de exportar muitos de seus produtos durante o conflito, a indústria brasileira foi obrigada a diversificar a sua produção, ou seja, a produzir aqueles produtos que normalmente comprava trazia do exterior. 

As mudanças na sociedade: 
movimento operário

         Como vimos, junto com o crescimento econômico ocasionado pela produção do café, ocorreu também o crescimento industrial.[19] Em 1928, pela primeira vez a renda da indústria superou a renda agrícola. Entretanto, o crescimento econômico que se verificava só trouxe lucros e benefícios para a minoria e as mudanças na economia provocaram, evidentemente, consideráveis mudanças na sociedade brasileira. As condições de trabalho dos operários que se multiplicavam pelas cidades eram precárias, já que nessa época ainda não existiam no Brasil leis trabalhistas. [20] 
        As primeiras formas de organização operária surgiram no Brasil ainda durante a segunda metade do século XIX[21], porém, com o crescimento industrial durante a República Velha essa organização foi sendo aprimorada. Operários e outros setores médios urbanos passaram a lutar por melhores condições de trabalho, por direitos trabalhistas e a exigir maior participação política e econômica. Surgiram os primeiros sindicatos e se organizou no Brasil o movimento operário.  
Greve geral de 1917: em São Paulo, milhares de operários foram as
ruas protestar. 
    As primeiras mobilizações operárias ocorreram no Brasil em 1903, foram violentamente reprimidas pela polícia e não tiveram nenhuma das reivindicações atendidas.  As greves[22] de trabalhadores exigindo melhorias tornaram-se mais comuns e, apesar da repressão, começaram a obter alguns resultados. Em 1926 foi aprovada a lei de férias.  Inspirado na Revolução Russa de 1917 foi fundado, em 1922, o Partido Comunista Brasileiro. O PCB defendia a greve como sendo um importante instrumento dos trabalhadores para conquistar seus direitos. Mesmo que tenha recebido apoio das lideranças sindicais, o PCB logo foi considerado ilegal pela polícia.

Rebeliões populares

    A República surgiu sem a participação popular. Foi resultado de um golpe militar que recebeu apoio da elite agrária que estava sendo pouco reconhecida pelo governo imperial. Durante toda a República Velha os governos estiveram mais interessados em atender as necessidades dos grandes fazendeiros e estimular o desenvolvimento da agricultura. Enquanto isso, as classes mais humildes ficavam completamente desatendidas e com o passar do tempo e agravamento dos problemas sociais, foi inevitável a ocorrência de alguns conflitos tanto no campo como na cidade. De maneira geral, os movimentos sociais do período lutavam contra o sistema político da época e contra a desigualdade econômica que atingia a maioria da população.


Canudos (1895 – 1897):Canudos era inicialmente uma comunidade pobre do sertão da Bahia. Procurando fugir do autoritarismo dos coronéis, da fome e da seca e lutando por maior justiça social, milhares de pessoas desfavorecidas foram se mudando para essa comunidade que era liderada por Antônio Conselheiro. Na fazenda de Canudos formou-se o arraial de Belo Monte que reuniu cerca de 30.000 pessoal que passaram a viver em um sistema comunitário.  A comunidade tinha leis próprias e não obedecia ao governo federal. Com o crescimento da comunidade os grandes fazendeiros baianos e a elite política passaram a se preocupar com a posse de suas terras e acusar o movimento de ser monarquista. O movimento de Canudos é considerado um movimento messiânico[23], já que Antonio Conselheiro passou a ser visto pelo povo como um líder religioso. Assim, tanto a Igreja Católica, temendo perder seus fiéis, quanto os líderes políticos da região, pediram providências do governo federal já que as forças locais não eram capazes de dissolver a comunidade. Canudos resistiu bravamente e a comunidade virou notícia, porém, utilizando uma força de 7.000 soldados o governo conseguiu destruir a comunidade em 1897.



O Cangaço: A difícil situação social e econômica durante a República Velha, principalmente no nordeste brasileiro, fez com que se formassem grupos armados, conhecidos como cangaceiros. Normalmente esses bandos prestavam serviços em troca de algum tipo de pagamento ou então agiam de forma independente, lutando contra a miséria e contra as injustiças cometidas pelos coronéis. Por praticarem inúmeros crimes, a organização do cangaço é visto como uma simples forma de crime organizado, para outros, entretanto, uma forma de luta por melhorias sociais. Entre 1900 e 1940 se formaram no sertão inúmeros bandos que estavam em constante confronto com a polícia. Entre os grupos mais conhecidos podemos destacar o liderado Antônio Silvino (1875 – 1938) e principalmente o liderado por Virgulino Ferreira (1900 – 1938), conhecido como Lampião. Após o bando de Lampião ter sido massacrado, o cangaço praticamente desapareceu do nordeste do Brasil. 
 
Bando de Lampião e Maria Bonita





Contestado (1912 - 1916): O Contestado era uma área de fronteira disputada pelos estados do Paraná e Santa Catarina, rica em florestas e erva-mate. Nessa região desenvolveu-se um acampamento composto por trabalhadores explorados pelos fazendeiros locais e por empresas que exploravam madeira e ainda por camponeses que haviam sido expulsos de suas terras por conta da construção de uma estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul. 
Diante desse quadro, organizou-se na região uma comunidade muito parecida com a de Canudos e que também foi liderada por um líder religioso, o monge José Maria. Assim como em Canudos, cerca de 20 mil sertanejos fundaram na região do Contestado a chamada “Monarquia Celeste”, com governo próprio e não obedeciam as ordens do governo republicano. Mesmo com José Maria sendo morto em combate em novembro de 1912, os camponeses permaneceram organizados e resistiram até 1916. Os camponeses foram perseguidos e a organização comunitária destruída.


Revolta da Vacina (1904): Devido principalmente ao aumento do número de indústrias e a crescente urbanização, ocorreram também, apesar da diferente realidade, rebeliões populares nas cidades durante os primeiros anos da República. Uma das principais ocorreu no Rio de Janeiro – capital do Brasil na época - de 10 a 16 de novembro de 1904 e ficou conhecida como Revolta da Vacina. A revolta ocorreu durante o governo de Rodrigues Alves que tinha como uma de suas metas transformar a capital em símbolo do progresso, numa prova de que a República, recém proclamada, representava o sinal dos “novos tempos.” Porém, a situação do Rio de Janeiro era muito complicada: desemprego, pobreza e precárias condições de higiene. Milhares de pessoas morriam em consequência de epidemias como febre amarela, peste bubônica e varíola. O presidente Rodrigues Alves pretendia modernizar a capital do país e para tanto contou com a colaboração do prefeito da cidade, Pereira Passos. As reformas de modernização começaram no centro da cidade onde foi construída uma larga avenida (hoje avenida Rio Branco) e foram demolidos os cortiços e casebres.
 A população mais humilde foi desalojada e obrigada a morar em barracos nas encostas dos morros e em bairros mais distantes. Além de modernizar a cidade, o governo pretendia também eliminar as doenças que castigavam a população e decretou uma lei que tornava a vacinação contra a varíola obrigatória para todos os brasileiros como mais de seis meses de idade. [24] Apesar de a medida visar a eliminação da doença, boa parte da população não reagiu bem a ideia de vacina obrigatória alegando que era contra a liberdade ou então, no caso especifico das mulheres, afirmando que era uma atitude imoral. Além do desalojamento e da obrigatoriedade da vacina, outro fator que motivou a revolta foi a impopularidade do governo de Rodrigues Alves. Ao final o governo conseguiu controlar os revoltosos. Cerca de 30 pessoas morreram, centenas ficaram feridas e outras tantas, como castigo, foram enviadas para o Acre.

 Revolta da Chibata (1910): Apesar de a marinha contar com os navios mais modernos da época, seu código disciplinar permanecia sendo o dos tempos da escravidão: faltas leves, prisão na solitária; faltas graves, dezenas de chibatadas. A revolta teve início em novembro de 1910 justamente quando um marinheiro do encouraçado Minas Gerais, chamado Marcelino Rodriguez Menezes, recebeu uma punição de mais de 100 chibatadas. Aproximadamente 2 mil marinheiros, liderados por João Cândido, dominaram os principais navios de guerra que estavam ancorados no Rio de Janeiro, apontaram os canhões para a cidade e passaram a exigir mudanças ao governo de Hermes da Fonseca, que havia tomado posse um dia antes. 
        Os marinheiros exigiam mudanças no código de disciplina da marinha e reclamavam da má alimentação, dos baixos salários que recebiam e das precárias condições de trabalho e dos alojamentos. O governo não tinha condições de conter a revolta e concordou em aceitar algumas das reivindicações dos marinheiros e prometeu não punir os rebeldes. Os marinheiros cumpriram sua parte e devolveram os navios aos oficiais, porém, o governo não. Muitos marinheiros foram expulsos da marinha e outros condenados a prisão. João Cândido, líder dos marinheiros, acabou sendo preso e posteriormente internado como louco. Apesar do fracasso da revolta, João Cândido ficou na história como sendo aquele que acabou com o castigo da chibata na marinha brasileira.


TENENTISMO

     O desejo de mudança, verificado nas revoltas populares que ocorreram no Brasil durante a República Velha, também atingiu um importante setor da sociedade brasileira: o militar. Desse modo, no decorrer da década de 1920 ganhou força e espalhou-se pelo Brasil um movimento político-militar que ficou conhecido como tenentismo. Esse movimento foi liderado por jovens militares de média e baixa patente, principalmente tenentes, que queriam, através da luta armada, conquistar o poder e promover profundas reformas na República Velha. 
      Os tenentes lutavam contra a estrutura política e econômica que predominava no Brasil naquela época, ou, em outras palavras, contra a política do café com leite e com o poder das oligarquias. De forma geral os tenentes almejavam moralizar a República estabelecendo o voto secreto e uma Justiça Eleitoral, capaz de diminuir a corrupção e o poder de influência dos coronéis, defender a economia nacional contra a exploração das empresas estrangeiras e, ainda, reformar a educação tornando obrigatório o ensino primário e profissional. 
     As propostas dos militares eram bem vistas por boa parte dos setores urbanos que também estavam insatisfeitos com o poder das oligarquias e com a desigualdade social.  Tenentismo também se refere, portanto, a uma série de rebeliões que ocorreram no Brasil no decorrer da década de 1920. Podemos destacar:

Revolta do Forte de Copacabana (1922): Teve início no dia 05 de julho de 1922 e contou com aproximadamente 300 homens que estavam decididos a impedir a posse de Artur Bernardes. Rapidamente as tropas do governo cercaram o forte. Mesmo sem condições de resistir, dezessete militares e mais um civil saíram as ruas determinados a enfrentar as tropas do governo. Somente dois escaparam com vida e o episódio também é conhecido como Os Dezoito do Forte.

Revoltas de 1924: Dois anos mais tarde novas rebeliões ocorreram no Rio Grande do Sul e em São Paulo. Os paulistas chegaram a ocupar a capital paulista, porém, tiveram que bater em retirada devido a ofensiva armada do governo. Os paulistas derrotados formaram a coluna paulista e iniciaram uma marcha em direção ao Rio Grande do Sul onde se uniria a coluna Prestes.

Coluna Prestes: As duas colunas tenentistas, a paulista e a gaúcha, uniram-se sobre a liderança do capitão Luís Carlos Prestes e decidiram marchar pelo interior do Brasil com o objetivo de encontrar apoio popular e iniciar novas revoltas para derrubar o governo. Cerca de 24 mil quilômetros foram percorridos durante dois anos em 12 estados brasileiros. Constantemente perseguida pelo governo, as tropas tenentistas não conseguir provocar as desejadas revoltas contra o governo, porém, não chegou a ser derrotada. O Tenentismo deixou em evidência a crise política que havia na República e abriu caminho para a Revolução de 1930 que colocaria Getúlio Vargas no poder.

       A CULTURA NA REPÚBLICA VELHA

Assim como na monarquia, durante a República Velha a cultura continuou sendo um direito exclusivo da elite. A educação enfrentava diversos problemas e era, apesar das mudanças na constituição, privilégio para poucos. Mesmo assim, durante esse período o país abandonando aos poucos suas características essencialmente rurais para começar a viver uma realidade ligada aos centros urbanos. As mudanças se aceleraram em todo o mundo após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Por toda a parte, exceto na derrotada Alemanha, se vivia um clima de grande euforia. Começava o período que ficou conhecido como “anos dourados.”  No Brasil, as crises na produção do café, a industrialização e o crescimento das áreas urbanas permitiram que os brasileiros também passassem a conviver com esse novo momento.  Sem dúvida alguma o ano de 1922 foi um ano crítico para a história do Brasil. A fundação, nesse ano, do Partido Comunista e o início da Revolta do Forte de Copacabana, comprovam que as oligarquias não tinham mais todas as condições para resolver os problemas que atingiam a sociedade brasileira. Porém, no mesmo ano e até antes desses acontecimentos citados, ocorreu na cidade de São Paulo, no mês de fevereiro, um movimento que significou uma verdadeira revolução na vida cultural brasileira, a Semana da Arte Moderna. 
 Durante três noites o público lotou o Teatro Municipal para acompanhar escritores, poetas, pintores, músicos e artistas plásticos que pretendiam dar uma nova “cara” a arte brasileira e reagir contra tradicionais expressões das artes plásticas e da literatura. O movimento modernista criticava a forma como a cultura brasileira deixava se influenciar pelos padrões e valores da cultura europeia, tinha o objetivo de “abrasileirar” a cultura brasileira por meio da valorização dos elementos naturais de nossa nação. Dessa forma, pretendia-se aproximar as classes mais populares do país à produção cultural. Apesar da reação de setores conservadores da sociedade contra a nova proposta artística, as novas obras e ideias acabaram se impondo com o tempo. Entre tantos nomes que se destacaram nesse evento, devemos citar as pintoras, Anita Malfati e Tarsila do Amaral, os escritores Mário de AndradeManuel BandeiraOswald de AndradeMonteiro LobatoEuclides da Cunha e Lima Barreto, os artistas plásticos Vitor Brecheret e Emiliano Di Cavalcanti e o músico Heitor Vila-Lobos.
 Ainda nesse período realizou-se no Brasil a primeira sessão de cinema, ocorrida no Rio de Janeiro em 1896. Dois anos depois foi rodado o primeiro filme brasileiro e entre 1908 e 1912 surgiram os primeiros longas-metragens. A partir de 1927 surgiram os filmes sonoros e apesar da concorrência do cinema norte-americano, o cinema brasileiro manteve-se ativo nas décadas de 1920 e 1930. Além do cinema, ocorreu durante a Primeira República uma grande evolução nos meios de comunicação e quanto a isso merece ser destacado o rádio, surgido no Brasil nesse período. A imprensa escrita também deve ser lembrada, já que nessa época surgiram importantes revistas como a Revista da Semana O Cruzeiro, e outros jornais como o Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), Diário Popular (São Paulo), O Globo (Rio de Janeiro) e o Correio do Povo (Porto Alegre). Além disso, inúmeros pequenos jornais, ligados às lutas sociais e ao movimento operário, passaram a circular por todo o país. Além do cinema, o futebol, introduzido no Brasil pelo inglês Charles Müller no final do século XIX, acabou se tornando uma das principais fontes de diversão para os brasileiros. Apesar de ser inicialmente restrito a estrangeiros e a brancos, rapidamente o esporte se popularizou e diversos clubes foram sendo fundados por todo o Brasil.

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