terça-feira, 29 de março de 2016

9.7 - A Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) (em construção)


O período compreendido entre 1919 e 1939, chamado de período entre guerras, é marcado pela crise econômica que tem como principal episódio a queda da bolsa de Nova Iorque em 1929, pelo surgimento e fortalecimento dos governos totalitários (nazismo e fascismo) e pelo desenvolvimento do socialismo.  A soma desses fatores  acirrou o clima entre as principais potências da época que desde o final da Primeira Guerra não era bom e promoveu o inicio da conhecida e tão falada Segunda Guerra Mundial.






Podemos entender a Segunda Guerra Mundial retomando questões fundamentais que marcaram o fim da Primeira Guerra, ocorrida entre 1914 e 1919. Nesse exercício de revisão devemos lembrar especialmente do Tratado de Versalhes e seus significados, e também da criação da Liga das Nações.

 -TRATADO DE VERSALHES fez duras imposições aos governos dos países derrotados. Principalmente para os alemães o tratado foi considerado humilhante.  Foi nesse cenário e aproveitando-se da grave crise social e econômica que atingia a Alemanha, que  Adolf Hitler e seu grupo político chegaram ao poder despertaram o sentimento de revolta e de vingança no povo alemão. 

LIGA DAS NAÇÕES foi criada ao final da primeira grande guerra, era composta por representantes de diversos países e tinha como principal objetivo manter a paz mundial.  Os Estados Unidos optaram por não fazer parte da Liga e a União Soviética (URSS), por ter um regime socialista, acabou sendo rejeitada pelas potências capitalistas que temiam a propagação do modelo socialista. Inglaterra e França controlavam a Liga das Nações e assumiram apenas uma política de apaziguamento enquanto que países como Alemanha, Itália e Japão adotaram uma política externa de expansão territorial, militar e econômica. Desse modo, a Liga das Nações não atingiu seus objetivos já que não impediu,  por exemplo,  impedir a invasão japonesa da Manchúria em 1931 e nem a invasão italiana na Etiópia em 1935.  

As origens da segunda Guerra Mundial:
expansão territorial, militar e econômica

Após a Primeira Guerra Mundial os governos do Japão, Itália e Alemanha adotaram uma clara política de expandir seus domínios sobre outras áreas. Mussolini pretendia modernizar e desenvolver a indústria do país e os japoneses, apesar de dominarem uma extensa área no oriente, contavam com poucos recursos naturais como petróleo, ferro e carvão. O imperialismo japonês foi mais atuante na Ásia, dominaram a Manchúria em 1931 e invadiram a China em 1935. No continente africano os italianos invadiram a Etiópia,  em 1935 e na Europa anexaram a Albânia em 1939.  A Liga das Nações esteve atenta e no discurso condenou essas invasões, porém, na prática pouco fez para impedir já que seus principais representantes, França e Inglaterra , não se sentiam ameaçadas ou prejudicadas economicamente.
A expansão territorial da Alemanha nazista

Ao  chegar no poder na Alemanha em  1933 com seu grupo político, Adolf Hitler criou e fortaleceu o Estado nazista.  Imediatamente os nazistas passaram a desafiar as determinações do Tratado de Versalhes que impediam o desenvolvimento militar e econômico do país.  Os alemães passaram a fazer grandes  investimentos nas forças armadas e a recuperar rapidamente a  suas forças produtivas.   Ao fortalecer o Estado Nazista Hitler definiu novos objetivos e entre eles estava a conquista de territórios que eram considerados fundamentais para o desenvolvimento da Alemanha.  O governo difundiu a teoria do “espaço vital”,que dizia que os povos de origem germânica deveriam estar agrupados sob o mesmo território.  Os nazistas pretendiam integrar as comunidades alemãs espalhadas pela Europa (Áustria, Sudetos – região montanhosa pertencente a antiga Tchecoslováquia -  e Dantzig,  na Polônia).  Nesse projeto de expandir o território da Alemanha, regiões pertencentes à União Soviética, ricos em minérios e outras matérias primas também deveriam ser conquistadas.

1º) A expansão do território alemão teve início em março de 1936 com a ocupação da Renânia,região cortada pelo rio Reno e que determina a fronteira entre a França e  Alemanha. Hitler ignorou o Tratado de Versalhes que determinava que essa região deveria permanecer desmilitarizada. Os franceses não reagiram diante da ocupação pois  ainda confiavam nas fortificações utilizadas durante a Primeira Guerra. De qualquer forma o governo francês ampliou a linha de defesa. Aproximadamente  200 km de trincheiras fortificadas foram construídas  pelos  franceses na região de fronteira entre os dois países.

2º) Dois anos depois, em março de 1938, sem fazer grandes esforços militares, os alemães anexaram a o território da ÁustriaPor serem povos de  línguas e culturas semelhantes, a maioria da população austríaca aceitou viver sob o comando de um único Estado. 

3º) O próximo desejo de Hitler era anexar os Sudetosregião pertencente a Tchecoslováquia e onde viviam  cerca de 3 milhões de pessoas de origem alemã. Ao contrário dos austríacos, os tchecos não estavam dispostos a ceder esses territórios a Alemanha e uma guerra entre os dois países parecia certa.  A situação chamava a atenção de ingleses e franceses e então foi convocada uma conferência para resolver a situação.

 Conferência de Munique
  (setembro de 1938)

O principal objetivo da conferência, realizada em Munique em setembro de 1938, era discutir as pretensões que a Alemanha tinha sobre a região dos Sudetos, pertencente a Tchecoslováquia. Além de Hitler e de Mussolini, participaram da conferência os primeiros ministros da Inglaterra, Neville Chamberlain, e da França, Édouard Daladier. Portanto, os representantes do governo tchecoslovacos, que eram os principais interessados, não participaram da reunião que decidiria o futuro do país. 
Inglaterra e França estavam atentas ao avanço do nazifascismo, porém, não se sentiam ameaçadas e acreditavam que o alvo principal dos alemães era o socialismo soviético.  Sendo assim, Ingleses e franceses concordaram  com a ambição de Hitler sobre os Sudetos desde que o líder do governo alemão não fizesse outras exigências e se comprometesse a encerrar sua política expansionista.  Feito esse acordo, os exércitos alemães ocuparam os Sudetos em outubro de 1938.
Em março de 1939 Hitler descumpriu o combinado da conferência e ocupou todo o território da Tchecoslováquia. A expansão nazista assustava o governo polonês que temia que o território da Polônia fosse ser o próximo alvo.  Os governos da Inglaterra e da França reagiram assinando um acordo com os poloneses se comprometendo auxiliar a Polônia caso ela fosse invadida pelos exércitos alemães.

Pacto germânico-Soviético

     No dia 27 de agosto de 1939 alemães e russos assinaram um importante acordo.  Adolf Hitler temia que Stalin fosse se aliar a Inglaterra e a França, o que o obrigaria a dividir sua força militar em duas partes, por outro lado, Stalin temia ter que enfrentar sozinho o poderoso exército alemão. Dessa forma, os dois líderes assinaram o pacto germânico-soviético pelo qual se comprometiam a não atacar um ao outro e projetavam a divisão do território polonês.
    O pacto acabava desconsiderando as divergências ideológicas que existiam entre os dois regimes políticos (capitalista na Alemanha e socialista na Rússia), e, ao mesmo tempo, representava a última cartada de Hitler para iniciar o plano de expansão territorial para o leste europeu. Como veremos, o pacto foi apenas uma ação tática de Hitler para não colocar a URSS como um forte inimigo no início das ações bélicas.

A INVASÃO DA POLÔNIA E O INÍCIO DA GUERRA: 

     Fortalecido pelo acordo com Stalin, Hitler deu a ordem para que as tropas alemãs invadissem o território da Polônia pelo oeste. Stalin deu a ordem de ataque pelo leste e logo o território foi dividido entre alemães e soviéticos. Automaticamente, Inglaterra e França, comprometidas em apoiar os poloneses, declararam  guerra a Alemanha iniciando assim a Segunda Guerra Mundial. 

Primeira fase: A guerra na Europa (1939 – 1941) 

Um pouco antes da guerra, em 1939, os alemães estavam recuperados economicamente e já contavam com um dos exércitos mais poderosos da Europa.  A primeira fase da Segunda Guerra Mundial foi caracterizada pelos rápidos ataques do exército alemão sobre as defesas inimigas.  Os alemães desenvolveram uma eficaz estratégia de guerra, chamada de Blitzkrieg (guerra-relâmpago), que consistia no avanço de tanques blindados (Panzers) e ataques da força aérea (Luftwaffe).  A seguir entrava em ação a infantaria e garantia a ocupação e vitória dos alemães. Foi assim que os nazistas conquistaram a Polônia e em seguida a Dinamarca, Holanda, Bélgica, Noruega e França.

A invasão da França

   Em maio de 1840 os alemães iniciaram a invasão da Holanda e da Bélgica que até então adotavam a neutralidade no conflito. O objetivo de Hitler era circundar a Linha Maginote o ocupar rapidamente o país vizinho. No dia 14 de junho do mesmo ano, após dominarem holandeses e belgas, as tropas nazistas invadiram a França e ocuparam a capital, Paris.
  A França não foi totalmente dominada pelos alemães e através de um acordo o território foi dividido em duas partes. A parte norte, até a fronteira com a Espanha, ficaria sob governo alemão; na parte sul formou-se um governo que colaborou com os nazistas, sediado na cidade de Vichy e comandado pelo marechal Philippe Pétain. A cumplicidade de Pétain com os nazistas provocou reação de franceses que não aceitavam colaborar com os inimigos. Liderados pelo general Charles de Gaulle, se organizou o grupo – franceses livres – que reagiram contra a ocupação nazista e representava as forças daresistência francesa.

A aliança entre Hitler e Mussolini

Em junho de 1940, quatro dias antes da entrada das tropas nazistas em Perais e após assistir as fulminantes vitórias alemãs em diversos países da Europa, Benito Mussolini finalmente decidiu entrar na guerra e anunciou sua aliança com Adolf Hitler. Os italianos declaram guerra à França e à Inglaterra.

A guerra contra a Inglaterra

No final de 1940, depois de dominar a França, a Alemanha passou a controlar grande parte da Europa. Nesse momento, coube à Inglaterra enfrentar sozinha a expansão nazista. Desde maio de 1940, o governo britânico era chefiado por Wilson Churchill, responsável por liderar a resistência dos ingleses contra os frequentes ataques nazistas. A estratégia adotada pela Alemanha para dominar os ingleses foi o bombardeio aéreo. De agosto de 1940 até o início de 1941 as principais cidades e portos da Inglaterra foram atacados constantemente.
Mesmo assim, auxiliada por radares, a força aérea militar da Inglaterra (RAF – Royal Air Force) conseguiu neutralizar a força aérea alemã. Os conflitos se deram também no norte do continente africano, onde alemães procuraram controlar colônias britânicas que eram de grande importância para o esforço de guerra. Sem sucesso definitivo no ataque a Inglaterra, Hitler foi obrigado a suspender a operação e adiar o projeto de conquistar o país inimigo.  A Alemanha tentou impor aos ingleses um bloqueio naval, começando assim uma guerra submarina.

A RESISTÊNCIA AO NAZISMO 

Aos poucos foram se organizando movimentos de resistência nos países europeus ocupados pelas tropas alemãs e italianas. Houve desde ações pacíficas, como a dos dinamarqueses que se retiravam de lugares públicos em que os militares alemães entravam, até a formação de milícias armadas para enfrentar os nazistas. Esses movimentos, agindo na clandestinidade, procuravam destruir instalações alemãs por meio da sabotagem e da guerrilha. Em 1941, respectivamente em junho e dezembro, dois importantes acontecimentos mudam de forma decisiva o cenário de guerra: a entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no conflito.

O holocausto

Enquanto nos campos de batalha se desenrolavam as operações militares, nos territórios ocupados os alemães levavam a risca a doutrina de extermínio do nazismo.   Hitler era defensor da ideia de que a Alemanha havia sido derrotada na primeira guerra devido a traições internas e responsabilizava os judeus por isso. Foi de acordo com esse pensamento que o regime nazista perseguiu e exterminou milhares de judeus em toda a Europa. Segundo a doutrina nazista era preciso agrupar os povos de raça  ariana.
Além de judeus, homossexuais, opositores políticos de Hitler, ciganos, doentes mentais, pacifistas, eslavos e grupos religiosos também sofreram com os horrores do Holocausto. Dessa forma, podemos evidenciar que o holocausto estendeu suas forças sobre todos aqueles grupos étnicos, sociais e religiosos que eram considerados uma ameaça ao governo de Adolf Hitler.
Depois de renderem os exércitos alemães, seus principais líderes foram julgados por um tribunal internacional criado na cidade alemã de Nuremberg. Com o fim do julgamento, muitos deles foram condenados à morte sob a alegação de praticarem crimes de guerra. Hoje em dia, muitas obras, museus e instituições são mantidos com o objetivo de lutarem contra a propagação do nazismo ou ódio racial.

PESQUISA: Holocausto (história ilustrada)

PESQUISA: As atrocidades do holocausto
 (aventuras na história)

O decisivo ano de 1941: a entrada de soviéticos e norte-americanos na guerra

Entrada da União Soviética/ junho de 1941.

Apesar de ter firmado e de manter com Stalin um acordo de não agressão, Hitler ainda tinha como principal projeto conquistar a União Soviética, rica em minérios, petróleo e solo fértil para a agricultura. O líder nazista acreditava que com essa conquista a Alemanha se transformaria em um império invencível. Em junho de 1941 o governo alemão colocou em ação a Operação Barba Ruiva e as tropas nazistas iniciaram a invasão da União Soviética.  Diante da quebra do pacto entre os dois países e sentindo-se traído por Hitler, Stalin declarou guerra a Alemanha.

Entrada dos Estados Unidos/ dezembro de 1941.


     Desde o início da guerra os Estados Unidos, comandado na época pelo presidente Franklin Roosevelt, colaboravam especialmente com a Inglaterra fornecendo equipamento militar, matérias-primas fundamentais, alimentos, medicamentos, etc. Muitos norte-americanos já pressionavam o governo por uma participação direta na guerra pois temiam as vitórias e o avanço do nazismo na Europa.
       No dia 08 de dezembro de 1941, o Japão, procurando se livrar da presença dos Estados Unidos na Ásia e controlar o oceano Pacífico, lançou um pesado ataque aéreo à base militar norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí.  Boa parte da força militar dos Estados Unidos no Pacífico ficou fora de combate e após isso os japoneses realizaram  importantes conquistas na China, na Indochina, nas Filipinas e na Indonésia. Um dia após ter sua base aérea bombardeada e destruída, Franklin Roosevelt declarou guerra contra o Japão.  Automaticamente, a Alemanha, aliada do Japão, declarou guerra aos Estados Unidos.  A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos na guerra alterou completamente os rumos da guerra.

Segunda fase: A guerra no Mundo (1942 – 1945)

A entrada da União Soviética e dos Estados Unidos na guerra em 1941 provocou grandes mudanças no conflito. A guerra realmente tornou-se mundial e formaram-se dois blocos: 

A invasão da União Soviética pelos alemães

As maiores batalhas da guerra ocorreram na segunda fase e foram travadas na frente oriental.  No dia 22 de junho os alemães colocaram em ação a Operação Barba Ruiva, nome secreto dado ao plano de invadir a União Soviética. Para combater os soviéticos Hitler destacou 65% de sua força militar, incluindo seus melhores equipamentos e as principais tropas de infantaria (3 milhões de soldados, 10 mil tanques e 3 mil aviões). Os alemães pretendiam aniquilar o inimigo antes do inverno.
Entre 1941 e 1942 os alemães contaram com apoio de aliados húngaros, finlandeses e italianos. Foi desse modo que, apesar das perdas sofridas, dominaram boa parte do território soviético se apoderando de campos e poços de petróleo. Entretanto, o governo soviético soube mobilizar o povo para a luta contra os nazistas. Centenas de cartazes destacavam o dever de cada um na resistência dos invasores.
 Atacado de surpresa, o exército soviético não conseguiu inicialmente conter o avanço das tropas nazistas, que, em menos de um mês, já haviam percorrido 750 quilômetros em direção ao interior do país e se aproximavam cada vez mais da capital, Moscou. O exército soviético soube tirar proveito do rigoroso inverno. Sem uniformes apropriados, dezenas de milhares de alemães morreram de frio e os equipamentos militares perdiam eficiência. Enquanto Moscou resistia, Hitler ordenou o ataque a importante cidade de Stalingrado, situada mais ao sul.
Em setembro de 1942, tropas blindadas do exército alemão entraram em Stalingrado, onde foi travada uma das mais importantes batalhas de toda a guerra. Apesar das dificuldades enfrentadas pelos alemães, Hitler não aceitava qualquer possibilidade de recuo. Apesar do esforço dos soldados alemães, em novembro o exército vermelho deu início ao contra-ataque obrigando o exército nazista a se render pela primeira vez. A Batalha de Stalingrado marcou o fim do mito da invencibilidade do exército alemão e o início da derrota da Alemanha.
A partir dessa vitória os soviéticos deixaram a posição de defesa e assumiram a posição de ataque conquistando diversos territórios controlados pela Alemanha, como Polônia e Tchecoslováquia. Como veremos, os soviéticos foram os primeiros, no final da guerra, a entrar em Berlim.

A ofensiva dos aliados e a derrota da Alemanha
  
     Ao mesmo tempo em que enfrentavam os soviéticos na frente oriental, os alemães passaram a ser atacados pela frente oriental pelos aliados, que contavam agora com o  grande poderio militar dos Estados Unidos. A ofensiva dos aliados começou com o desembarque de tropas norte-americanas e inglesas no norte da África, resultando na expulsão das forças alemãs e italianas da região. A vitória no norte da África facilitou a entrada dos aliados no sul da Itália e a rendição de Mussolini em setembro de 1943. As forças alemãs que ocupavam parte da Itália se renderam somente em maio de 1945. Foi na Itália que atuou a Força Expedicionária Brasileira.
Em junho de 1944 os aliados planejaram uma nova frente de combate contra os alemães pretendendo libertar a França da ocupação nazista. No dia 06 de junho, norte-americanos e ingleses desembarcaram na Normandia, costa norte da França, e atacaram as tropas alemãs no dia que ficou conhecido como dia D. No final de julho os aliados já haviam consolidado suas posições na França e em pouco tempo Paris estava livre da ocupação alemã.  A Alemanha estava derrotada na frente oriental pelos soviéticos e agora procurava conter o avanço dos aliados na frente ocidental. 

A RENDIÇÃO DA ALEMANHA

Ao invadir a URSS Hitler foi obrigado a dividir suas forças militares para atacar e se defender ao mesmo tempo na frente e oriental e ocidental e logo percebeu o tamanho de seu equívoco.  Após derrotarem as forças nazistas que ocupavam a França, os aliados prepararam um definitivo ataque à Alemanha.   Pelo oeste os alemães eram bombardeados pela força aérea de Inglaterra e Estados Unidos e pelo leste as tropas soviéticas iniciaram a marcha à Berlim em janeiro de 1945.  Mesmo com a iminente derrota nazista e com suas forças militares arruinadas, Hitler não admitia qualquer possibilidade de rendição e através de forte propaganda o governo passou a convocar soldados da reserva e até idosos e crianças para lutarem pela Alemanha.
No campo de batalha, qualquer tentativa de deter o avanço soviético foi inútil.  O grande número de deserções e mais a falta de munição e alimento inviabilizaram a resistência alemã diante das forças de Stalin. No dia 30 de abril de 1945 Hitler e sua esposa, Eva Braun, suicidaram-se. No dia 05 de maio as tropas soviéticas invadiram Berlim e dois dias depois a Alemanha se rendeu.


      A bomba atômica e a rendição do Japão

Apesar de a guerra ter chegado ao fim na Europa, os japoneses insistiam em prosseguir a luta pelo domínio do Pacífico onde enfrentavam os Estados Unidos. Nessa luta foi comum o uso do ataque suicida dos pilotos Kamikazes. Apesar de o governo japonês admitir a derrota e negociar as condições da rendição, os norte-americanos fizeram questão de demonstrar seu poder militar atingindo o Japão com duas bombas atômicas nos dias 06 de agosto de 1945, em Hiroshima, e 09 de agosto emNagasaki.  Nas duas cidades, mais de 160 mil morreram na hora. 
Para muitos, a intenção dos Estados Unidos ao promover um ataque devastador contra o Japão era demonstrar a sua força militar e impressionar principalmente a União Soviética. O mundo pós-guerra será profundamente marcado pela disputa ideológica entre capitalismo e socialismo, característica principal da chamada guerra fria.  

O MUNDO PÓS-GUERRA

A guerra terminou em 1945 e deixou para trás um número incalculável de mortos. Alguns afirmam que esse número pode ter se aproximado de 50 milhões. Outros milhões ficaram feridos, mutilados, sem moradia e sem família. Cidades, indústrias e campos agrícolas foram arruinados gerando grandes prejuízos. Os Aliados instauraram o Tribunal de Nuremberg para julgar criminosos de guerra, sobretudo os nazistas. Logo após a guerra foi fundada a ONU (Organização das Nações unidas), com sede em Nova York. O órgão teria a função de estabelecer a paz e a segurança internacional; para resolver problemas internacionais; garantir os direitos humanos. Apesar dos prejuízos econômicos causados pela guerra, o conflito serviu também para estimular o avanço técnico e industrial.

A divisão da Alemanha:

Em julho de 1945 realizou-se a Conferência de Potsdam. Nessa conferência as potências vitoriosas dividiram o território alemão em quatro partes.  Em 1949, o território foi dividido em dois países: Alemanha Ocidental, sob influência dos E.U.A, e Alemanha Oriental, sob influência da URSS.  Em 1961 foi construído o muro de Berlim, que, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos: o capitalista e o socialista.  A chamada Guerra Fria, entre Estados Unidos e U.R.S.S  é  a principal marca do mundo pós-guerra. 

9.6 - A Era Vargas (1930 - 1945)

A crise de 1929 atingiu todos aqueles países que mantinham relações comerciais com os Estados Unidos.  Para o Brasil, a crise trouxe dificuldades para a elite cafeicultora e foi importante para a ruptura da chamada política do café com leite. As eleições realizadas em março de 1930 foram agitadas, marcadas por suspeitas e teve em sua sequência o início do chamado movimento de 1930 que colocou Getúlio Vargas no poder. Vargas governou o Brasil até 1945 e transformou-se em um dos principais personagens da história republicana brasileira.  Os historiadores costumam dividir o longo período em que Vargas esteve no poder em três fases: governo provisório (1930 – 19434),governo constitucional (1934 – 1937)governo do estado novo ou ditatorial (1937 – 1945) 

Getúlio Dornelles Vargas (1882 – 1954)

Nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, em abril de 1882. De uma tradicional família ligada ao campo e grande proprietária de terra na fronteira com a Argentina, Getúlio manteve-se sempre ligado à principal atividade econômica dos pampas, a pecuária. Matriculou-se, em 1904, na Faculdade de Direito de Porto Alegre, onde se formou em 1907. Casou-se, em São Borja em março de 1911, com Darcy Sarmanho, de quinze anos de idade, com quem teve cinco filhos. Quanto a religião, Getúlio se declarava agnóstico. Iniciou sua carreira política em 1909 ao eleger-se deputado estadual pelo Partido Republicano Riograndense. Foi reeleito para esse cargo por quatro vezes.
Em 1923 foi eleito deputado federal e tornou-se líder da bancada dos gaúchos na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro. Em 1927 ocupou o cargo de Ministro da Fazenda do governo de Washington Luís. Em janeiro de 1928 assumiu o cargo de Presidente do Rio Grande do Sul, encerrando o período de trinta anos do governo de Borges de Medeiros. Durante este mandato iniciou um forte movimento de oposição ao governo federal, exigindo o fim da corrupção eleitoral, a adoção do voto secreto e do voto feminino. Mesmo assim, manteve bom relacionamento com o presidente Washington Luís, obtendo verbas federais para o Rio Grande do Sul.  Em 1930 chegou a presidência e governou o país por quinze anos. Morreu em 1954, após cometer suicídio. 

Os efeitos da crise de 1929 no Brasil e as eleições de 1930

A crise do capitalismo que teve seu auge em 1929 foi sentida em grandes proporções no Brasil, especialmente pelos grandes cafeicultores. Nos Estados Unidos a quebra da bolsa de Nova York provocou a falência de fábricas e bancos e o desemprego atingiu boa parcela da população. Nessa época os E.U.A eram os maiores consumidores do café brasileiro e com o cenário econômico desfavorável naturalmente diminuíram suas compras. Com o produto sobrando, entre 1929 e 1930 o preço do café caiu mais de 50%. Apesar do governo ainda adotar a política de valorizar a produção cafeeira muitos cafeicultores foram à falência e perderam também seus poderes políticos. É nesse cenário de dificuldades que se realizaram as eleições presidenciais em março de 1930, a última da República Velha.
O presidente do Brasil em 1930 era Washington Luís, representante da oligarquia de São Paulo. Conforme a lógica do acordo entre paulistas e mineiros que revezavam o poder político naquele período, seria a vez de um representante de Minas Gerais assumir o posto de presidente da república. Porém, os políticos do Partido Republicano Paulista indicaram o paulista Júlio Prestes para concorrer ao cargo provocando assim a ruptura da parceria com Minas Gerais que lançou, por sua vez, a candidatura de Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. Com o rompimento entre o PRP e o PRM os demais políticos que até então não tinham espaço aproveitaram-se da situação.
Foi nesse momento que se organizou aAliança Liberal, uma união política entre Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba e que lançou uma chapa para concorrer nas eleições de 1930.  A Aliança Liberal indicou o gaúchoGetúlio Vargas para presidente e o paraibanoJoão Pessoa, para vice.  Entre outras coisas o programa de reformas sugeridas pela aliança previa: voto secreto e permitido inclusive para as mulheres, incentivos a produção industrial e a criação de leis trabalhistas. Vargas e João Pessoa receberam apoio de setores do exército (especialmente dos tenentes), das classes médias urbanas e dos grandes proprietários insatisfeitos com o sucessivo revezamento político entre paulistas e mineiros.
 As críticas contra o governo de Washington Luís cresciam em todo o país e os prejuízos de muitos cafeicultores e os altos índices de desemprego tornavam a candidatura da Aliança Liberal ainda mais popular.  Apesar disso, as eleições que ocorreram no dia 1º de março de 1930 e deram a vitória a Júlio Prestes, que recebeu cerca de 1 milhão de votos contra 700 mil de Vargas. (Devido às regras eleitorais, somente 5% da população pôde votar). A derrotada Aliança Liberal imediatamente se demonstrou descontente e se negou a aceitar o resultado da eleição alegando que a vitória de Júlio Prestes havia sido fraudada. [1]

       MOVIMENTO DE 1930
Aproveitando-se do crescente descontentamento de grupos sociais emergentes como militares, que criticavam o sistema eleitoral, defendiam o voto secreto e reformas sociais e econômicas, e mais classes médias e operariado que não tinham seus interesses atendidos pelo governo, lideranças da Aliança Liberal passaram a conspirar contra governo na tentativa de impedir a posse de Júlio Prestes que ocorreria no início de 1931.  O clima tenso e a insatisfação da maioria da população contra o governo era favorável para a o ocorrência de um movimento de que tomasse o poder pelo uso da força. Muitos passaram a falar em revolução. O próprio governador de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro, teria dito: “façamos a revolução antes que o povo a faça.” A situação agravou-se quando no dia 26 de julho de 1930 João Pessoa foi assassinado.  Embora o crime tivesse sido motivado por questões pessoais e rivalidade políticas na Paraíba, foi muito bem explorado por militantes da Aliança Liberal e rapidamente se associou ao governo de Washington Luís.  A partir desse momento passaram a ocorrer várias manifestações de repúdio ao governo e favoráveis a Aliança Liberal.
No dia 03 de outubro teve início no Rio Grande do Sul um movimento com  o objetivo derrubar o governo e impedir a posse de Júlio Prestes. Ao mesmo tempo ocorriam movimentos no Paraná, em Minas Gerais e na Paraíba.  Rapidamente a rebelião se espalhou pelo país. No dia 10, Getúlio Vargas lançou o manifesto O Rio Grande de pé pelo Brasil e partiu em comitiva para a capital da República.  Forças contrarrevolucionárias pouco puderam fazer para deter o movimento que ganhava cada vez mais popularidade. No dia 24 de outubro os militares depuseram o presidente Washington Luís e impediram a posse de Júlio Prestes, que ocorreria no dia 15 de novembro. Uma junta militar transferiu o poder para Getúlio Vargas, principal nome do movimento, que assumiu o governo de modo provisório.   Embora existam discussões em torno do caráter do movimento (golpe ou revolução) é de entendimento de todos que o episódio teve uma grande importância histórica. O golpe ou revolução de 1930 marcou o final da República Oligárquica ou “república do café-com-leite”.

GOVERNO PROVISÓRIO (1930 – 1934)

Assim que assumiu como presidente, Vargas tratou de controlar politicamente o país. Vargas pretendia desmontar a estrutura de poder dos fazendeiros-coronéis que caracterizou a República-Velha e acabar com os privilégios que principalmente a oligarquia de São Paulo tinha no sistema político antigo. Embora tivesse caráter provisório e o objetivo de reorganizar a vida política do país, o governo tornou-se centralizador e pouco democrático. Para garantir o controle político do país Vargas tomou as seguintes medidas:

- Suspendeu a constituição republicana de 1891 e passou a governar por meio de decretos.  

- Fechou todos os órgãos do poder Legislativo.
(Congresso, Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais).

- Destituiu os presidentes de estados e nomeou pessoas de sua confiança para governa-los, chamados interventores. Como tiveram grande importância no movimento de 1930, boa parte desses interventores nomeados por Vargas eram militares. Com esses interventores o presidente pretendia ampliar a sua base de apoio político e enfraquecer as alianças feitas pelos coronéis-fazendeiros que apoiaram os presidentes na Primeira República.


AS MUDANÇAS NA POLÍTICA, NA ECONOMIA E NA SOCIEDADE

A partir da década de 1930 várias mudanças políticas, sócias e econômicas passaram a ocorrer pelo Brasil. Aos poucos o café deixou de ser a única riqueza do país e as cidades ganharam importância em relação ao campo.  Na medida em que a indústria se desenvolvia a classe operária foi se organizando e ganhando consciência de seus direitos. 
Na política, ainda durante o período do governo provisório, criou o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, para satisfazer a elite industrial que crescia, e o Ministério da Educação e Saúde. Na economia era um defensor das riquezas nacionais sendo favorável a diversificação da produção e da industrialização. Os adversários políticos, concentrados principalmente em São Paulo, logo se assustaram com as posições de Vargas. 
Getúlio Vargas deu início à modernização do país fazendo investimentos no ensino superior, criando os departamentos de Correios e Telégrafos e de Aviação Civil, o Instituto Nacional de Estatística, atual IBGE, o Instituto do Açúcar e do Álcool, o Código de Minas, o Código Florestal, Código Brasileiro de Telecomunicações e a Ordem dos Advogados do Brasil, OAB. Além disso, demonstrou preocupação com duas importantes questões nesse período: o avanço do comunismo e o desemprego. A partir de 1917 os ideais do comunismo passaram a se disseminar pelo mundo e chegaram com força ao Brasil. Nessa época o Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi posto na ilegalidade e temendo a continuidade de greves e de revoltas trabalhistas o governo passou a dar grande atenção aos trabalhadores. 
Uma das principais marcas do governo provisório de Vargas foi a criação da Lei da Sindicalização que permitiu um avanço nas leis trabalhistas. Aos poucos foram sendo estabelecidos os primeiros direitos aos trabalhadores, como jornada de 8 horas de trabalho e férias, por exemplo. Para tentar evitar o aumento do número de desempregados, Getúlio restringiu até 1933 a entrada de imigrantes no Brasil.

      Política de valorização do café e 
  diversificação da produção agrícola
Para resolver o problema da superprodução de café e os efeitos da crise de 1929, o governo brasileiro procurou manter os preços estáveis e diminuir a oferta do produto no mercado. Foi criado o Departamento Nacional do Café e entre 1931 e 1943 cerca de 80 milhões de sacas de café foram adquiridas pelo governo e queimadas ou jogadas ao mar. O governo regulou a produção proibindo novas plantações durante três anos. Além disso, foram feitos investimentos na diversificação da agricultura e dado incentivo a produção de algodão, cana-de-açúcar, borracha, cacau entre outros.

Revolução Constitucionalista de 1932

O governo de Vargas tornou-se centralizador e pouco democrático e em São Paulo concentrava-se a maior força de oposição a ele. Especialmente os fazendeiros do café, acostumados em controlar o poder político, não aceitavam o interventor nomeado para São Paulo, o tenente pernambucano João Alberto, e exigiam um interventor civil e paulista. Com grande participação do Partido Republicano Paulista, tornaram-se intensas no estado as manifestações populares contra o governo provisório sendo que os manifestantes eram em sua maioria estudantes universitários, comerciantes, industriais e profissionais liberais. 
Os paulistas também estavam descontentes com o fato de Vargas ainda não ter convocado eleições constituintes para que fosse elaborada uma nova constituição para o país e que assim pudessem ser realizadas eleições presidenciais. Afinal de contas, o governo era provisório e estava se estendo por muito tempo. O movimento cresceu e ganhou caráter revolucionário. Pressionado, em fevereiro de 1932 Vargas nomeou Pedro de Toledo, paulista e civil para ser interventor de São Paulo e marcou eleições para a Assembleia Constituinte. Apesar disso, as manifestações cresceram e os conflitos nas ruas tornaram-se mais violentos. Manifestantes invadiram a casa de armas e as sedes dos jornais que apoiavam o governo. 




O governo reagiu e quatro estudantes acabaram mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. As iniciais dos nomes de cada um deles tornaram-se um dos símbolos da revolução constitucionalista –MMDCOs revolucionários acreditavam que receberiam apoio dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e do Rio Grande do Sul, o que não se confirmou. Isolados e sem condições de enfrentar a superioridade militar das tropas federais, os paulistas renderam-se no dia 28 de setembro de 1932. Mesmo derrotados os paulistas puderam celebrar a convocação da Assembleia Nacional Constituinte. 

Eleições para Assembleia Constituinte

Em maio de 1933 foram realizadas as primeiras eleições após a Revolução de 1930. Essa eleição apresentou diferenças fundamentais em relação as eleições realizadas durante a República Velha por ter sio organizada pelo Tribunal de Justiça Eleitoral, criado justamente para fiscalizar e combater as fraudes eleitorais tão comuns no período. O voto foi secreto, direto, obrigatório e puderam votar todos os brasileiros alfabetizados com mais de dezoito anos. Uma importante marca  dessa eleição foi o direito que as mulheres tiveram de votar pela primeira vez no Brasil. Foram eleitos 250 deputados que teriam o compromisso de elaborar uma nova constituição para o país. 


A Constituição de 1934

Entre os deputados eleitos para elaborar a nova constituição do Brasil haviam muitos representantes da classe média e dos trabalhadores.  Sendo assim, muitos dos artigos da constituição atendiam aos interesses desses grupos sociais.  A constituição foi considerada progressista para a época propondo grandes mudanças nas regras eleitorais e na política trabalhista.


REGRAS ELEITORAIS E DIREITOS DEMOCRÁTICOS:  A constituição definiu voto secreto  e eleições diretas para os poderes executivo e legislativo e as mulheres ganharam o direito de votar. O mandato seria de quatro anos e sem possibilidade de reeleição imediata. O cargo de vice-presidente foi extinto. Para evitar as fraudes que caracterizavam as eleições, foi criado o Tribunal Eleitoral e a Justiça Eleitoral. As primeiras eleições presidenciais seriam indiretas. Ou seja, o presidente seria eleito entre os membros da assembleia que seria transformada em Congresso Nacional.

EDUCAÇÃO: Ficou estabelecido o ensino primário e gratuito. Ainda foi determinado prazo para o ensino superior também se tornar gratuito. 

NACIONALISMO ECONÔMICO: proteção das riquezas naturais do país, como jazidas minerais; consideradas essenciais para o desenvolvimento do país. As empresas estrangeiras foram obrigadas a ter pelo menos 2/3 de empregados brasileiros.

LEIS TRABALHISTAS: Os direitos dados aos trabalhadores foram a grande marca da constituição de 1934. Foi instituída a Carteira de Profissional de Trabalho, foi garantida ajornada de trabalho de 8 horas diárias, estabelecido salário mínimodireito a férias, regulamentado o trabalho para menores de idade e para as mulheres, ordenando que se pagasse a elas salários iguais aos dos homens. Além disso, foi proibido o trabalho a gestantes, um mês antes e um mês após o parto e a nova constituição garantiuindenização para trabalhadores demitidos sem justa causa, assistência médica e dentária. 

GOVERNO CONSTITUCIONAL
(1934 - 1937)

No dia 16 de julho de 1934 a Assembleia divulgou a nova Constituição do Brasil. Após terminar a tarefa de elaborar a Constituição, a Assembleia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional, que teria, como primeiro compromisso, eleger o presidente da república. Getúlio Vargasrecebeu 175 votos contra 59 votos de seu tradicional rival político no Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros. Vargas assumiu o cargo de presidente para um mandato de quatro anos tendo dessa vez uma constituição em vigor e que deveria ser respeitada.
O governo constitucional de Vargas teve início em um momento em que o país ainda sentia muito os efeitos da crise do capitalismo. Vargas assumiu seu mandato presidencial em um momento econômico muito complicado marcado pela falência de muitos cafeicultores e de grandes comerciantes e industriais.  Havia grande expectativa em relação às medidas que seriam tomadas para combater o desemprego e a inflação. O movimento de 1930 trouxe grandes mudanças na vida de boa parte da população brasileira. Porém, as mudanças prometidas pelo governo eram contrárias aos interesses dos grandes latifundiários e industriais e nesse contexto surgem na vida pública e política do país dois importantes grupos: integralistas e os aliancistas.


OS INTEGRALISTAS 

Inspirados nas ideias fascistas de Benito Mussolini e nas ideias nazistas de Adolf Hitler, em 1932, por iniciativa dePlínio Salgado e de outros políticos, foi lançado o Manifesto a Nação.  Os integralistas criaram a Ação Integralista Brasileira, uma organização política que contava com o apoio de grandes proprietários de terra, de empresários e de parte das forças armadas. Os integralistas combatiam o comunismo e a existência de um Estado Poderoso em que um único chefe tivesse o poder. O lema dos integralistas era: Deus, Pátria e Família. Eram organizados sob rígidas ordens militares, vestiam-se com camisas verdes e tinham até mesmo um grito de saudação: Anauê.  Ao todo, existiram mais de mil núcleos integralistas pelo país.  

OS ALIANCISTAS
                                 
A Aliança Nacional Libertadora era uma organização política composta por setores de diversas correntes ideológicas (reunindo democratas, tenentes, operários e intelectuais) e que era contrária a Ação Integralista Brasileira. Uma das principais correntes políticas dentro da Aliança, que era liderada por Luís Carlos Prestes, era o Partido Comunista, fundado no Brasil em 1922 e que atuava na ilegalidade, já que havia sido proibido de funcionar. Os aliancistas, como eram chamados os membros da ANL, pretendiam derrubar o governo e promover uma transformação profunda e rápida no país. O programa de metas da ANL previa a nacionalização de empresas estrangeiras instaladas no país, o não pagamento da dívida externa e uma reforma agrária, isto é, a desapropriação de grandes latifúndios e a distribuição de terra entre os trabalhadores do campo.
 Na prática, os dois grupos faziam oposição ao governo, porém, foi o rápido crescimento da Aliança Nacional Libertadora por todo o país, a proximidade ideológica que os aliancistas tinham com o comunismo e as fortes críticas feitas contra o governo que mais assustaram Vargas. Apoiado por setores mais conservadores, Getúlio considerou a ANL ilegal, proibiu as atividades da Aliança, ordenou o fechamento da sede e a prisão de suas principais lideranças.[2] Na visão do governo e da elite conservadora, o comunismo era o perigo a ser combatido.  Mesmo proibidos de atuar, os aliancistas continuaram com suas atividades e organizaram uma revolta em novembro de 1935 que ficou conhecida como a Intentona Comunista ou Revolta Vermelha. Essa revolta contaria com o apoio dos principais quartéis  do país mas por fim somente um em Natal, um  em Pernambuco, um no Rio Grande do Norte e um no Rio de Janeiro aderiram o movimento.  Todas as rebeliões foram rapidamente dominadas pelas forças governamentais.




















O plano Cohen e o golpe do Estado Novo

As eleições para a sucessão presidencial estavam marcadas para janeiro de 1938 e, pela constituição, Vargas não poderia se candidatar para uma reeleição. A campanha teve início em 1937 e apresentaram-se três candidatos: o ex-governador de São Paulo, Armando de Salles, o escritor paraibano José Américo de Almeida, e o líder integralista, Plínio Salgado.  Getúlio Vargas aparentemente apoiava José Américo de Almeida, porém, na verdade, não estava disposto a deixar o cargo de presidente da república.
No dia 30 de setembro, o general Góis Monteiro, quando a campanha eleitoral estava em seu auge, divulgou pelo rádio em cadeia nacional a existência de um suposto plano arquitetado pelo Partido Comunista Brasileiro e por organizações internacionais. Pelo Plano Cohen, como ficou conhecido, os comunistas pretendiam tomar o poder, incendiar igrejas e prédios públicos, promover greves e assassinar as principais lideranças políticas do país. Desse modo, estava por ocorrer no país uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935, que terminaria com o regime democrático e daria início a uma revolução comunista.[3] A notícia se espalhou rapidamente e provocou grande apreensão especialmente nos setores elitistas e conservadores.
Na verdade o plano foi uma farsa arquitetada pelo próprio governo para justificar o golpe que instalou um regime ditatorial no país. Vargas recebeu apoio dos generais Eurico Gaspar Dutra, Góis Monteiro e de importantes lideranças integralistas.  Alegando estar combatendo o perigo comunista Getúlio solicitou ao Congresso Nacional que fosse decretado Estado de Guerra. Após ter seu pedido atendido no dia 1º de outubro o presidente passou a fazer uso de seus poderes ordenando uma intensa perseguição aos comunistas e a opositores políticos. Ao mesmo tempo a imprensa passou a sofrer forte censura.
No dia 10 novembro de 1937 Getúlio ordenou o fechamento do Congresso Nacional e dos poderes legislativos em todo o Brasil, suspendeu as eleições presidenciais, extinguiu os partidos políticos e anulou a constituição de 1934 inaugurando desse modo o período ditatorial de seu governo, chamado de Estado Novo.

GOVERNO DO ESTADO NOVO
(1937 - 1945)

Alegando estar combatendo o “perigo comunista” Vargas deu início ao governo do Estado Novo com o golpe de 10 de novembro de 1937.  A constituição de 1934 foi abolida e uma nova, que lhe dava plenos poderes, entrou em vigor.  A constituição de 1937 determinava que o poder político estava todo concentrado nas mãos do presidente, porém nunca chegou a entrar plenamente em vigor precisar ser aprovada em um plebiscito que nunca chegou a ocorrer.[4] Vargas passou a governar através de decretos e a nomear, como havia feito durante o governo provisório, interventores para cada um dos Estados. O governo estava autorizado a invadir casas, prender pessoas, julgá-las e condená-las. O autoritarismo foi uma das principais marcas do governo nessa fase. 

q  O Congresso Nacional e os legislativos estaduais e municipais foram fechados. Assim como durante o governo provisório, foram nomeados interventores para cada um dos Estados, que perderam sua autonomia.

q   Os partidos políticos foram extintos e as eleições foram suspensas em todo o país. 

q  Greves e manifestações contrárias ao governo foram proibidas e eram duramente reprimidas pela polícia. A repressão aumentou com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939.

A polícia política do governo de Vargas durante o Estado Novo foi comandada por Filinto Müller,político e militar simpatizante do nazifascismo. Durante período ditatorial, Filinto Müller comandou órgãos responsáveis pela perseguição, prisão, tortura e morte de milhares de pessoas.

q  A censura a imprensa foi uma das marcas da ditadura de Vargas.

q  Esse período foi marcado pelos grandes investimentos feitos em propaganda. Para conquistar a simpatia popular, foram feitos grandes investimentos em propaganda.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial iniciada em 1939 colocou as potências do eixo (Alemanha, Itália e Japão) contra as potências aliadas (lideradas por Inglaterra, E.U.A e União Soviética).  Nesse cenário, apesar das semelhanças  com os governos totalitários de Hitler e Mussolini, o governo brasileiro optou por manter-se neutro na guerra.  Enquanto ganhava tempo, Vargas procurava obter vantagens econômicas e políticas. A partir de 1941 o governo passou a negociar com os aliados. Através de acordos internacionais ganhou apoio financeiro dos EUA para a construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, fundamental no processo de industrialização do país. Em troca do financiamento, o governo comprometeu-se a fornecer borracha e minério de ferro para as potências aliadas e permitiu que os norte-americanos construíssem bases militares no Nordeste brasileiro. Os alemães não aceitaram a cooperação entre Brasil e Estados Unidos e, entre fevereiro e agosto de 1942, bombardearam e afundaram navios brasileirosEm agosto de 1942 o Brasil declarou guerra contra as potências do eixo. Somente em julho de 1944, quase dois anos após a declaração de guerra, a FEB (Força Expedicionária Brasileira)  foi enviada para a Europa. Foram enviados para a guerra cerca de 25.000 homens e, mesmo com problemas na preparação e no envio, a Força Expedicionária Brasileira cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado. A atuação da FEB se deu basicamente na Itália.


Propaganda, crescimento industrial e trabalhismo

A forte propaganda, o incentivo ao crescimento industrial e a proteção ao trabalhador foram características importantes da Era Vargas e se acentuaram ainda mais durante o Estado Novo. Desde 1931 Getúlio Vargas já tinha a preocupação em criar e promover a imagem positiva de seu governo através de um órgão responsável pela propaganda oficial. Conforme a oposição aumentava o órgão crescia em importância assumindo novas funções.  Em 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que, além de ter o compromisso de divulgar a imagem positiva do Estado Novo e assim garantir sua popularidade, deveria censurar os meios de comunicação (rádio, jornais, livros, cinema) que fossem contrários ao governo. O DIP distribuía cartazes que apresentavam Vargas como “Salvador da Pátria” e pelo rádio, através da criação do programa a Hora do Brasil, eram divulgadas as realizações do governo. Ao mesmo tempo o Ministério da Educação ajudou a promover a imagem positiva de Vargas e nas escolas eram difundidos os ideais nacionalistas. É nesse momento de seu governo que fica mais evidente a característica populista[5] de Vargas.
No setor trabalhista, durante o Estado Novo foram consolidadas as leis do trabalho (CLT). Ficaram estabelecidos direitos como descanso semanal remunerado, férias, décimo terceiro salário, carteira de trabalho, licença a maternidade, aposentadoria entre outros. Embora tenham sido alcançados com muita luta, Vargas, através de forte propaganda, tratou o conjunto de direitos trabalhistas como sendo um presente seu ao trabalhador. Curiosamente, ao mesmo tempo em que garantia os direitos aos trabalhadores o governo passou a controlar a ação dos sindicatos através da supervisão do Ministério do Trabalho.  


         Apesar das dificuldades provocadas pela crise de 1929 e pelo início da Segunda Guerra Mundial, Vargas soube tirar proveito da situação e promover a industrialização do país. Com seus principais parceiros comerciais passando por dificuldades econômicas ou em guerra, o Brasil se viu forçado a fabricar o que antes importava. Desde que assumiu a presidência em 1930 Vargas adotou a política intervencionista no campo econômico, criando órgãos estatais para planejar as atividades econômicas. Setores de infraestrutura, como o extrativismo mineral, os transportes e a produção de energia elétrica ganharam maior atenção. Pretendo diminuir a importação de produtos industrializados o governo passou a estimular o desenvolvimento industrial do país. Entre as décadas de 1930 e 1940 o número de indústrias instaladas no Brasil dobrou, sendo que o crescimento foi maior nos setores de alimentos, tecidos, calçados e móveis.  Na mesma época várias empresas estrangeiras se instalaram no país fabricando especialmente produtos químicos, farmacêuticos, eletrônicos e motores.
O governo tinha dificuldades para promover a indústria de base, isto é, produção de bens como máquinas e equipamentos pesados, produtos químicos básicos e minérios. Sendo assim, além de conceder empréstimos a indústria, o governo fundou empresas estatais para atuar na siderurgia e na mineração. Dois exemplos são aCompanhia Siderúrgica Nacional (CSN), instalada  no ano de 1941 em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, e aCompanhia do Vale do Rio Doce, com o objetivo de explorar minério de ferro, instalada em Minas Gerais no ano de 1942. O aço e o minério de ferro fornecidos por essas empresas foram fundamentais para a continuidade do desenvolvimento industrial. Antes disso, em 1938, preocupado com as fontes de energia para movimentar o parque industrial, o governo criou o Conselho Nacional do Petróleo que teria a função de explorar e fornecer o produto e seus derivados. Em 1939, na Bahia, foi perfurado o primeiro poço petrolífero. Apesar de o governo ter incentivado a diversificação da produção agrícola, durante a Era Vargas a indústria assumiu a liderança que durante toda a República Velha foi ocupada pela agricultura. 


O fim do Estado Novo

Apesar da grande popularidade e do crescimento econômico e industrial, a partir do ano de ano de 1940 o governo entrou em um processo de desgaste. A guerra contra o nazifascismo acabou servindo, curiosamente, para fortalecer os grupos que faziam oposição a Getúlio Vargas.  Afinal de contas, o Brasil em guerra lutava para derrubar regimes autoritários na Europa, mas no país as liberdades individuais e democráticas não eram respeitadas. Era uma visível contradição. As contestações ao Estado Novo passaram a ocorrer em 1943, quando um grupo de advogados mineiros publica o chamado Manifesto dos Mineiros defendendo a redemocratização do país. 
Percebendo a maior organização da oposição e o avanço, das ideias liberais, Vargas decidiu promover a abertura democrática. Foi fixado um prazo para ocorrer eleições presidenciais, libertados presos políticos, permitido o retorno ao país dos exilados pela ditadura do Estado Novo e autorizada a organização partidária. Getúlio pretendia dessa maneira apagar sua imagem de autoritário.

 Partidos como a UDN (União Democrática Nacional); PSD (Partido Social Democrático); PTB (Partido Trabalhista Brasileiro); PSP (Partido Social Progressista) ganharam maior destaque e, além disso, foi permitida a legalização do PCB (Partido Comunista do Brasil), que vivia na clandestinidade. Nas eleições presidenciais, marcadas para 2 de dezembro de 1945, concorreriam três candidatos: o general Eurico Eduardo Dutra (pelo PSD e PTB), o brigadeiro Eduardo Gomes (pela UDN); o engenheiro Yedo Fiúza (pelo PCB). Nas eleições, marcadas para dezembro de 1945, Vargas aparentemente apoiava Gaspar Dutra, mas, ao mesmo tempo estimulava o movimento popular que lhe apoiava e exigia sua permanência no poder. Esse movimento ficou conhecido como queremismodevido as palavras de ordem: “Queremos Getúlio!”  Temendo o grande prestígio que Getúlio tinha junto ao povo e que o mesmo pudesse impedir as eleições ou estivesse tramando sua permanência no poder,  setores da oposição, liderados especialmente pela União Democrática Nacional, uniram-se para derrubar Vargas da presidência. No dia 29 de outubro de 1945, antes das eleições, tropas do exército cercaram o Palácio do Catete e obrigaram Vargas a renunciar. Terminou assim a Era Vargas.